Vida sem barulho dos motores da Amazonas Energia; relato dos moradores

As famílias relataram a reportagem que barulho de 50 anos resultou em problemas auditivos, rachadura nas casas e pânico pelos incêndios dos motores. Agora estão sossegadas.

Vida sem barulho dos motores da Amazonas Energia; relato dos moradores Fotos: Rafaela Soares Notícia do dia 19/06/2023

Da Redação  - Os ruídos ensurdecedores ocasionados pela usina termoelétrica de Parintins cessaram. Na quinta-feira, 15 de junho, Parintins começou a fazer parte do Sistema Interligado Nacional (SIN), o “Linhão de Tucuruí”, e a carga da usina que funcionava há 57 anos no centro da cidade foi transferida para a nova subestação, localizada no Macurany. 

 

 

Quem convivia com a poluição sonora produzida pela empresa pode, finalmente, ter direito a condições sadias de moradia.

 

A Fotógrafa e Servidora Pública, Simone Brandão, moradora do Conjunto Vitória Régia desde os anos 80, relatou em suas redes sociais sobre a saída dos motores de energia da unidade.

 

"E agora "celetra" (nome antigo da empresa) como vamos nos acostumar sem teu barulho!?", descontraiu a Fotógrafa. E relatou ainda: "era uma agonia pra nós convivermos com o barulho da Celetra, atualmente, Manaus Energia. Tanto tempo se passou, que hoje (15/06/23), ter energia em casa sem o barulho dos motores é muito estranho. Mas não tô reclamando, estou muito feliz com o progresso. Quem mora na Sham sabe muito bem o que passamos com o barulho, com a trepidação que racham as paredes de nossas casas, com o óleo que escoava pelas ruas, com os incêndios e explosões que passamos várias vezes e sem falar os problemas de audição causado a muitos moradores. Que venham dias melhores, não só para nós moradores da Sham (Conjunto Vitoria Régia) e o trecho da Nações Unidas, mas para todos os parintinenses".

 

 

O Funcionário Público Admilson Cursino (62) é morador da Avenida Nações Unidas. Ele relatou que, além de ter a saúde prejudicada, a casa tem rachaduras nas paredes e comemora com entusiasmo a desativação dos motores de energia. 

 

"Hoje, a gente pode presenciar esse marco para a cidade, a desativação dos motores que há 57 anos tem trazido poluição sonora e prejuízos à nossa saúde. Para mim é um marco, porque eu posso ver que a gente vai, a partir de hoje, sem o barulho dos motores, ficar mais tranquilo, vai poder dormir melhor na nossa casa, onde por motivo do barulho dos motores geradores, trepidação, algumas rachaduras surgiram na nossa casa, devido a todo esse tempo, mas é muito importante a gente poder ver, sentir que agora tudo vai mudar", expressou Admilson Cursino. 

 

 

O morador acredita ainda que, "além de trazer uma energia de qualidade, com certeza Parintins deverá receber novas empresas, novas indústrias, para geração de emprego e renda para a população e isso é muito importante. Acredito que a gente vai viver uma nova etapa, uma nova maneira de viver aqui em Parintins, nessa área".

 

A dona de casa Jacimara Melo Takeshita  mora com a família há 48 anos na Avenida Nações Unidas, em frente a usina geradora. Ela e os familiares participaram de muitas manifestações pedindo a saída dos motores do local e contou que as portas e janelas da casa viviam fechadas na tentativa de diminuir o barulho produzido pela usina. 

 

 

"O incêndio dos motores era uma preocupação constante nossa. Todo mundo arrumava a mala e ficava em frente de casa, porque se explodisse, tentava fugir. Mas o que mais foi ficando preocupante foi o excesso de barulho, tanto que hoje a maioria dos vizinhos falam alto. Foram muitas lutas para que essa situação fosse resolvida. A gente reunia os vizinhos, fazia o panelaço e hoje a gente está muito feliz e até brincamos: vamos gravar um pouquinho o barulho, pra poder tentar dormir. A nossa felicidade é imensa, porque a gente já vai até poder abrir a porta da casa da minha mãe que vivia fechada e vai conseguir receber uma visita sem precisar correr lá pra dentro de casa pra conversar", afirmou Jacimara Melo Takeshita. 

 

 

"Então, a gente tem muito a agradecer essa oportunidade que a gente tá tendo do Linhão e orar pra Deus para que sempre não tenha problema nenhum, que a nossa energia seja 100% positiva, que não tenha mais apagões como tinha antes e pra gente é um privilégio, pra quem sofreu com barulho, e as vezes a gente acha que está tendo até perda da audição, por falar tão alto, mas agora é uma emoção, a gente fica muito feliz por já ter sido resolvido. A gente já está começando a falar, conversar, antes a gente não conseguia ouvir. E agora é uma felicidade inexplicável por terem resolvido essa situação", concluiu dona Jacimara. ///

 

Por Rafaela Soares - Jornalista / Especial para o Site ParintinsAmazonas.

Edição: Mayara Carneiro - Jornalista.