Senado adia votação para eleição do presidente da Casa

Divergência é sobre a legitimidade do senador para presidir a sessão de votação. Sessão está marcada para 11h deste sábado

Senado adia votação para eleição do presidente da Casa Sessão do Senado para eleição do comando da Casa Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo Notícia do dia 02/02/2019

BRASÍLIA - Sem acordo sobre as regras para a escolha do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) encerrou a sessão, nesta sexta-feira, convocando outra para este sábado, às 11h. Antes, haverá reunião de líderes. A divergência é sobre a legitimidade do senador para presidir a escolha, já que ele também é candidato.

O receio do grupo de Alcolumbre é que, ao deixar o comando da eleição, aliados de Renan Calheiros (MDB-AL) consigam reverter a decisão pela votação secreta e tomem outras medidas sobre o processo eleitoral que favoreçam o alagoano. Já os articuladores de Renan alegam que, ao permanecer no comando, Alcolumbre faz o mesmo jogo: atua para se favorecer.

Tumultuada desde o início, a sessão terminou com protestos de todos os lados. Havia senadores que queriam decidir ainda hoje; outros defendiam amanhã; e um grupo ainda advogava por segunda-feira. O pano de fundo são três regras do jogo consideradas fundamentais pelos dois lados: sigilo do voto, presidência da sessão e turno único ou não.

- Se ele (Alcolumbre) pode fazer tudo isso, vou fazer que nem Juscelino Kubitschek em 1964 -, disse Renan, ao fim da sessão.

Antes do início da sessão, Alcolumbre sentou na cadeira e nenhum apelo o fez desistir e sair. Ele alega que tem o direito de presidir a eleição porque é integrante remanescente da última Mesa Diretora. À frente da sessão, recebeu duas questões de ordem sobre o voto secreto, regra prevista no regimento, e transferiu a decisão para o plenário. Por 50 votos a dois, os senadores decidiram que a votação seria aberta.

Derrota para Renan: alguns senadores admitem a ele, reservadamente, que têm dificuldade de votar nele, no caso de voto aberto. Alegam pressão da opinião pública, em referência aos nove inquéritos no Supremo que investigam Renan.

O receio do grupo de Alcolumbre é que a decisão sobre o voto aberto seja revista, se ele deixar o comando. Isso porque assumiria o senador mais velho da Casa - José Maranhão (MDB-PB), com 85 anos - que é aliado de Renan.

Além dessa questão, outro importante fator ainda não foi decidido pelo plenário e pode ganhar rumos diferentes a depender de quem estiver à frente da sessão. Senadores questionam se a eleição é por maioria simples (ganha quem tiver mais votos) ou absoluta (41 votos).

No cálculos de aliados de Renan, ele tem maioria simples garantida, mas não a absoluta. A madrugada será longa: sem acordos e garantias numéricas, os dois lados vão passar as próximas horas buscando apoios, em meio a negociações sobre outros cargos de poder na Casa (outros assentos na Mesa e a presidência de comissões). /// Fonte: O Globo