Cenários possíveis na Venezuela

Torço para uma transição para a democracia e avalio que Maduro não tenha muita sustentabilidade e será deposto. Espero estar certo.

Cenários possíveis na Venezuela Manifestante participa de ato contra Maduro em Medellín | Joaquin Sarmiento/AFP Notícia do dia 24/01/2019

A Venezuela está em uma situação fluida que pode resultar nos seguintes cenários nos próximos dias, semanas e meses.

Transição para a democracia: Maduro seria deposto ou renunciaria. Guaidó lideraria a redemocratização até eleições serem convocadas. Seria o melhor de todos os cenários. Com o isolamento do regime venezuelano e apoio dos EUA e das maiores nações da América Latina, esta possibilidade tem ganhado força. Ditadores tão ou ainda mais poderosos do que Maduro, como Hosni Mubarak do Egito, não aguentaram a pressão e acabaram deixando o cargo. Uma saída para o atual ditador, como o exílio em Cuba, poderia ajudar a reduzir a resistência. Mais importante, as Forças Armadas precisariam deixar de apoiá-lo.

Militares assumem o poder: Maduro seria removido do cargo pelos militares atualmente ao lado dele. Neste caso, estes generais poderiam tanto levar adiante uma transição para a democracia como também estabelecer um regime militar sem associação ao atual ditador do país. Desta forma, eles evitariam o risco de serem processados por um futuro governo democrático por crimes cometidos durante as décadas de chavismo. Há uma série de regimes que conseguiram se perpetuar trocando o líder.

Maduro sobrevive: Os protestos teriam de perder força, o que é altamente improvável neste momento. A tendência parece ser de crescimento na oposição, ainda mais com o respaldo internacional a Guaidó. Para conter o avanço, o ditador precisaria intensificar a repressão. As mortes e prisões gerariam enorme repúdio internacional, com o isolamento aumentando. Maduro tentaria buscar amparo em países como Turquia, China, Irã e Rússia. Mas não está claro o quanto estas nações, apesar da aliança com o chavismo, bateriam de frente com países da América Latina e os EUA para defender Maduro. A Venezuela não tem, para Putin, a importância da Síria.

Governos paralelos: Seria a coexistência de dois governos paralelos, como ocorre na Líbia. Acho quase impossível isso acontecer na Venezuela. Governos paralelos funcionam quando há divisões geográficas entre os dois lados. No caso venezuelano, todos estão em Caracas e espalhados pelo restante do país. Pode, no máximo, Guaidó simbolicamente ser chamado de presidente, mas com a burocracia de Estado seguindo nas mãos de Maduro. Seria a manutenção do status quo de hoje pelos próximos meses. Guaidó não seria preso e Maduro seguiria no poder. Mas a ditadura seguiria e basicamente seria o cenário similar ao “Maduro sobrevive”.

Guerra civil: Parte das Forças Armadas rompe com Maduro, mas outros seguem leais ao regime, assim como milícias chavistas. Os dois lados passariam a lutar abertamente pelas ruas numa guerra civil similar à observada na América Central nos anos 1980. Líderes civis perderiam força. Milhares poderiam morrer, e talvez milhões tentem buscar abrigo em outros países da região. Até mesmo uma intervenção externa não poderia ser descartada.

A mais provável de todas? Torço para uma transição para a democracia e avalio que Maduro não tenha muita sustentabilidade e será deposto. Espero estar certo.

Blog do POR GUGA CHACRA