Alberto Dines Adeus a um protagonista da imprensa

Página relevante da comunicação, da literatura e da televisão se fecha com a morte do jornalista, crítico e observador Alberto Dines, aos 86 anos

Alberto Dines Adeus a um protagonista da imprensa Na últimas duas décadas, Dines dedicou-se a fomentar o jornalismo com as atividades no Observatório e no Projor, onde coordenou projetos de capacitação, treinamento e promoção de boas práticas da profissão. Notícia do dia 24/05/2018

O corpo do jornalista Alberto Dines, um dos mais importantes profissionais da imprensa brasileira, foi enterrado na tarde desta quarta-feira (23) no Cemitério Israelita de Embu das Artes, região metropolitana de São Paulo.

Dines morreu na manhã desta terça-feira (22), aos 86 anos. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein há 10 dias em decorrência de uma gripe que evolui para pneumonia e faleceu devido a problemas respiratórios.
Foi autor de 15 livros

Alberto Dines lançou 15 livros, entre ficção, reportagem e técnicas jornalísticas. Ganhou o prêmio Jabuti em 1993 por "Vínculos de Fogo", na categoria Estudos Literários (Ensaios).

Suas demais obras são "Vinte Histórias Curtas", "Os Idos de Março e a Queda de Abril", "O Mundo Depois de Kennedy", "Jornalismo Sensacionalista", "Comunicação e Jornalismo", "Posso?", "O Papel do Jornal", "E Por Que Não Eu?", "A Imprensa em Debate", "Morte no Paraíso - A Tragédia de Stefan Zweig", "O Baú de Abravanel", "20 Textos que Fizeram História", "As Transformações da Revolução Global e o Brasil" e "Diários Completos do Capitão Dreyfuss".
A morte do jornalista Alberto Dines deixou uma legião de colegas e amigos inconsoláveis. Um deles é Emília Ferraz, que dirigiu durante 15 anos o programa Observatório da Imprensa, comandado por Dines na extinta TV Educativa, hoje TV Brasil. “Foi um mestre para todos, principalmente para quem trabalhou com ele”, salientou Emília, em entrevista à Agência Brasil.
Emília lembrou que, como professor, Alberto Dines pôde ensinar muitos alunos, mas destacou que seu trabalho ia muito além disso. “Tanto no Observatório na TV, como na internet, cada artigo que Dines escrevia era uma aula de jornalismo, uma aula de sociedade, de política, de tudo. Trabalhar com ele, para mim, foi um privilégio imensurável”.

Emília não tem dúvida de que Dines vai fazer muita falta para todos. “O jornalismo perde um mestre, para mim um dos melhores do mundo, não só do Brasil. Acho que ele pode ser comparado aos melhores”, afirmou.

A MORTE

jornalista Alberto Dines morreu nesta terça-feira (22) aos 86 anos. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Segundo a esposa Norma Couri, foi levado ao hospital há dez dias, em decorrência de uma gripe que evoluiu para pneumonia, e faleceu devido a problemas respiratórios.

Jornalista desde 1952, Alberto Dines dirigiu a Redação do "Jornal do Brasil" em um de seus períodos mais inovadores e criativos, de 1962 a 1973.

Em 1975, quando foi dirigir a sucursal da "Folha de S.Paulo" no Rio de Janeiro, lançou a coluna "Jornal dos Jornais", considerada precursora na crítica sistemática dos meios de comunicação no país.

Foi, de certa forma, um pioneiro na função de ombudsman, atuando como crítico da mídia brasileira. Em 1996, lançou o Observatório da Imprensa, um dos frutos do Projor - Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo, também criado por Dines com o apoio da Unicamp.

FOMENTADOR 

Nas últimas duas décadas, Dines dedicou-se a fomentar o jornalismo com as atividades no Observatório e no Projor, onde coordenou projetos de capacitação, treinamento e promoção de boas práticas da profissão.

Com sua atuação no Projor, proporcionou capacitação em técnicas de redação, de acesso ao mercado publicitário, em gestão financeira e administrativa e em tecnologia a veículos de menor porte.

Além do site do Observatório, Dines apresentou um programa semanal do veículo nas emissoras públicas TV Cultura, TVE e na TV Brasil, que a sucedeu, de 1996 a 2015.

Como jornalista, trabalhou nas revistas "Manchete", "Cena Muda" (nesta, como crítico de cinema"), "Visão" e "Fatos e Fotos", bem como nos jornais "Última Hora", "Tribuna da Imprensa", "Diário da Noite", "Jornal do Brasil" e "Folha de S.Paulo", além do semanário "O Pasquim".

Trabalhou ainda no Grupo Abril, como secretário editorial. Na "Folha de S.Paulo", além da passagem na Sucursal do Rio na década de 1970, atuou também como colunista nos anos 90.

Como docente, deu aula de jornalismo na PUC-RJ e foi professor visitante na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.

Dines chegou a ser preso em 1968 após o AI-5, por ter feito um discurso como paraninfo de uma turma da PUC-RJ, criticando a censura. Ele deixa quatro filhos, de seu primeiro casamento, com Ester Rosali, sobrinha do empresário de mídia Adolfo Bloch fundador da revista e da rede de televisão Manchete, ambas extintas. Casou-se uma segunda vez com a jornalista Norma Couri.

 

Fonte: Isto É, site Unicamp, G1 Globo