HIV/AIDS é sua sentença de morte?

Quando utilizado de maneira irregular, o tratamento pode falhar por surgimento de vírus resistentes. Tenho como me curar da AIDS?

HIV/AIDS é sua sentença de morte? Evaldo Nascimento autor do artigo Notícia do dia 02/04/2018

Alguns anos atrás poderia dizer que ao ser diagnosticado com HIV você certamente havia assinado sua sentença de morte. Hoje digo que você é apenas um portador de um vírus no qual você decide se quer viver ou não. Se você quer viver é fundamental que siga o tratamento prescrito pelo médico infectologista pelo resto de sua via vida, você terá grandes chances de ver seus filhos crescerem e ainda poderá brincar com seus netos (as), mas se não quiser viver não faça nenhum tratamento e deixe que o vírus se multiplique dentro do seu organismo destruindo seu sistema imunológico para que doenças oportunistas se apossem dele e você venha ter um final trágico e triste. Essa segunda opção não desejo a ninguém, nem mesmo para meu pior inimigo! Falo isso por ter experiência de ter trabalhado diretamente com pacientes HIV/AIDS na Fundação de Medicina Tropical por um período de 3 anos.
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Este vírus é encontrado em fluidos sexuais como o líquido pré ejaculatório e o líquido lubrificante vaginal, além do sêmen, leite materno e sangue. Ter o HIV não é a mesma coisa que ter aids. Há muitas pessoas soropositivas que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas podem transmitir o vírus a outras pessoas pelas relações sexuais desprotegidas (sexo anal, vaginal e oral), pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação, quando não tomam as devidas medidas de prevenção.
AIDS é a síndrome da imunodeficiência adquirida, ou seja, a doença que é adquirida através do vírus HIV. É uma doença crônica e que pode ser potencialmente fatal. Ela acontece quando a pessoa infectada pelo HIV vai tendo o seu sistema imunológico danificado pelo vírus, interferindo na habilidade do organismo de lutar contra invasores que causam a doença, além de deixar a pessoa suscetível a infecções oportunistas, como: tuberculose, pneumocistose, toxoplasmose, Sarcoma de Kaposi, etc.
Uma pessoa infectada pelo HIV evolui para Aids quando a mesma não é tratada e sua imunidade vai diminuindo ao longo do tempo, pois, mesmo sem sintomas, o HIV continua se multiplicando e atacando as células de defesa do organismo, principalmente os linfócitos TCD4+. Por definição, as pessoas que tem aids apresentam contagem de linfócitos TCD4+ menor que 200 células/mm3 (valor normal de CD4+ estar entre 500 e 1200 células/mm3) ou têm doença definidora de aids, como neurotoxoplasmose, pneumocistose, tuberculose extrapulmonar etc. O tratamento antirretroviral visa impedir que o vírus HIV se multiplique evitando a progressão para a aids.
Sintomas
Os primeiros sintomas de HIV observáveis para Aids são fraqueza, febre, emagrecimento, diarréia prolongada sem causa aparente. Na criança que nasce infectada, os efeitos mais comuns são problemas nos pulmões, diarréia e dificuldades no desenvolvimento.
Diagnóstico
Se você passou por uma situação de risco, como ter feito sexo desprotegido ou compartilhado seringas, faça o teste anti-HIV. O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito a partir da coleta de sangue ou por fluido oral. No Brasil, temos os exames laboratoriais e os testes rápidos, que detectam os anticorpos contra o HIV em cerca de 30 minutos. Esses testes são realizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nas unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).
Tratamento de HIV/AIDS
Atualmente há tendência de tratar todos os pacientes com HIV, independente do número de células de CD4, com o objetivo de reduzir a transmissão e melhorar a evolução clínica dos pacientes portadores do HIV. A medicação de primeira escolha hoje está disponível em um único comprimido, que é a combinação de três remédios. No caso de contraindicação, efeitos adversos ou resistência, há opções de outros antirretrovirais que deverão ser individualizados para cada paciente. A indicação de qual esquema de tratamento deve ser utilizado é passada pelo médico.
Uma vez iniciado o tratamento, o paciente deve estar ciente de que ele não deve ser interrompido sem motivo e que as medicações devem ser tomadas todos os dias e nos intervalos prescritos. Quando utilizado de maneira irregular, o tratamento pode falhar por surgimento de vírus resistentes.
Tenho como me curar da AIDS?
Ao receber a notícia que você estar com HIV não pense que você assinou sua sentença de morte. Apesar de que a ciência ainda não descobriu a cura para a infecção, este quadro mudou. Atualmente existem medicamentos antirretrovirais, que são coquetéis antiaids que aumentam a sobrevida dos soropositivos, mas é fundamental seguir todas as recomendações médicas e tomar os medicamentos conforme a prescrição. Caso o paciente não faça o tratamento conforme recomendado ele pode acabar tornando o vírus mais resistente antes do tempo, dificultando o tratamento e prejudicando a sua saúde no geral.
Prevenção
Para se prevenir a aids, é se prevenindo da infecção pelo vírus HIV. Para se prevenir contra o HIV, é não se colocar em situação de risco para a infecção pelo vírus, ou seja: Faça sexo (vaginal, anal ou oral) sempre com proteção; Não compartilhe agulhas e seringas; Não reutilize objetos perfurocortantes no geral; No caso de violência sexual, comunique as autoridades o quanto antes e vá a um hospital, de preferência especializado, para que eles possam ministrar os remédios de profilaxia de infecção pelo HIV ou outras doenças sexualmente transmissíveis (DST). As chances de não se desenvolver essas doenças quando a profilaxia é feita poucas horas após o ato é muito maior.
Se você já foi diagnosticado com HIV, para se prevenir da aids, é importante que você tome todos os seus medicamentos conforme prescrição e siga todas as demais orientações médicas, além de procurar ter uma vida mais saudável, se alimentando de forma adequada, manter o peso compatível com a sua idade, sexo e altura e, deixe de fumar. No caso de infecções oportunistas ou outros sintomas enquanto está se tratando do HIV, é importante procurar assistência médica para tomar as providências corretas contra a doença o quanto antes, que incluem medicações que não interfiram com os seus antirretrovirais.


Obs: O Amazonas e Manaus estão em 3º lugar do País com maior índice de HIV/Aids. O estado teve mais de 15 mil casos desde 1986, sendo 12.179 só em Manaus, seguida de Parintins (265), Tabatinga (248), Itacoatiara (157) e Tefé (155). Esses são dados de maio de 2017


* Evaldo Nascimento da Silva, Fisioterapeuta Esp. Em Terapia Intensiva e Pós Graduado em Traumato-Ortopedia com Ênfase em Terapia Manual. Coordenador substituto da Fisioterapia da UTI da Fundação Hospital Adriano Jorge na cidade de Manaus.