Parlamentares perdem tempo com ‘gracinhas’ sobre projeto na ALE

Gracejos giraram em torno de projetos do deputado Wanderley Dallas, que propõe que festas do Peão de Boiadeiro e do Tucunaré sejam patrimônio cultural e imaterial para o Amazonas

Parlamentares perdem tempo com ‘gracinhas’ sobre projeto na ALE Wanderley Dallas não gostou dos questionamentos dos colegas, mas seus projetos foram aprovados por unanimidade Notícia do dia 30/10/2015

Quem assistiu ontem a votação de projetos de leis na Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM) sequer desconfiou que o Amazonas passa por diversos problemas como recorde de queimadas, reajuste de 38,8% na conta de luz, crise econômica, entraves na BR-319.

Isso porque os deputados gastaram cerca de meia hora “batendo boca” sobre os projetos de autoria do deputado Wanderley Dallas (PMDB), que reconhecem as festas do Peão Boiadeiro e do Tucunaré, como patrimônio cultural e imaterial para o Amazonas.

A discussão começou no projeto de Dallas que reconhece a Festa do Peão Boiadeiro como patrimônio cultural do Amazonas, quando o deputado Bi Garcia questionou o autor da proposta sobre os municípios onde é realizado o evento.

 “É que o PL está tornando patrimônio cultural de natureza imaterial para o Estado do Amazonas a Festa do Peão Boiadeiro, mas não ficou claro onde ocorre essa festa”, disse.

Dallas respondeu que não havia entendido o questionamento de Bi Garcia, mas em seguida afirmou que a Festa do Peão Boiadeiro ocorre em pelo menos três municípios – Humaitá, Autazes e Apuí.

Em seguida foi a vez de ser colocado em discussão o projeto de Dallas que reconhece a Festa do Tucunaré como patrimônio cultural de natureza imaterial do Estado.

O presidente da ALE-AM, deputado Josué Neto (PSD), que conduzia a votação disse: Antes de abrir para discutir a matéria eu quero responder ao deputado Bi Garcia que a Festa do Tucunaré ocorre, segundo meus conhecimentos, em dois municípios – Presidente Figueiredo  e Nhamundá”.

Belarmino Lins pediu a palavra e questionou. “Eu também gostaria de saber, Senhor presidente, da Festa do Repolho, que não me lembro quem é o autor (Dallas é o autor), e que ocorre em Manicoré, se é apenas lá que tem repolho no Amazonas?”.

Dallas rebateu e disse que não se sente envergonhado em apresentar projetos que tratem da Festa do Peão, do Tucunaré, do Repolho, ou qualquer que seja.

“Porque são festas que representam o homem do interior. Muitas pessoas vêm aqui para fazer gracinha, mas são esses mesmos que depois vão para o interior pedir ao caboclo, que luta para fazer sua festa em seu município, votos e mais votos”, retrucou.

Belão devolveu e disse que não estava de brincadeira com o deputado Wanderley Dallas. “Não se trata de tirar brincadeiras ou de tirar proveito. Não sei quem foi o deputado que apresentou projeto de festa do repolho, do maxixe, do quiabo, então não sei se é brincadeira. Eu sei que não conheço uma cidade que seja especialista em maxixe ou em quiabo, não sei. Se um legislador brincou, não fui eu. Eu não tenho nenhuma censura a iniciativa legislativa do parlamentar, ele pode apresentar a lei que quiser, a CCJ que define o que é admissível ou não”, concluiu.

Os dois projetos de Dallas, apesar da discussão, foram aprovados por unanimidade.

Frases

“Parintins, por exemplo, não pode ser incluído nisso (Festa do Tucunaré) até porque lá só temos bodó e boi” (Bi Garcia, Deputado Estadual)

“Muitas pessoas vêm aqui para fazer ‘gracinha’, mas são esses mesmos que depois vão para o interior pedir votos ao caboclo” (Wanderley Dallas, Deputado Estadual)

“Aqui não se trata de tirar brincadeiras ou de tirar proveito do projeto da Festa do Repolho, esse foi um fato inédito e verídico” (Belarmino Lins, Deputado Estadual)

“Vou apresentar projeto do tutti-frutti” (Dermilson Chagas, Deputado Estadual)

Temas curiosos

Dallas foi o que mais apresentou projetos no primeiro trimestre, 25, e se destaca pelos temas curiosos, como os que transformam em patrimônio imaterial as festas da Cerâmica; da Laranja; do Repolho; do Pirarucu; dos Botos; da Soltura dos Quelônios; e do Peão Boiadeiro. /// Acrítica