Maioria dos deputados do Amazonas é contra o afastamento de Eduardo Cunha

Maior parte da bancada é a favor do direito de defesa do presidente da Casa, antes de punição.

Maioria dos deputados do Amazonas é contra o afastamento de Eduardo Cunha Notícia do dia 01/09/2015

Manaus - Seis dos oito deputados federais do Amazonas são contrários ao afastamento ou cassação do mandado do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é acusado de receber propina no processo do esquema da operação Lava Jato. Os parlamentares defendem que Cunha tem direito à defesa como qualquer cidadão e somente com o resultado das investigações poderão emitir uma opinião. 

O deputado Pauderney Avelino (DEM), líder da minoria de oposição na Câmara dos Deputados, disse que Cunha não é réu, ele está apenas sob investigação e não tem como já ser condenado. “Ele (Cunha) não é réu, ele está sob investigação. Tendo a comprovação de culpa, aí eu apoio (afastamento e cassação). Ele tem direito à defesa e temos que acompanhar as investigações, porque, sem as evidências comprovadas, não temos como condenar”, declarou. 

Cunha é acusado de ter recebido, entre junho de 2006 e outubro de 2012, pelo menos US$ 5 milhões para viabilizar a contratação de dois navios-sonda para a Petrobras. As acusações foram feitas no processo da Lava Jato, delatadas pelo doleiro Alberto Youssef. Cunha nega ter recebido o dinheiro.

Arthur Bisneto (PSDB) afirmou não defender Cunha, mas enquanto a confirmação de culpa ou não do parlamentar não sai, o pedido de afastamento não é válido. “Como todo e qualquer cidadão, ele tem que ter o direito à defesa. Enquanto a decisão de culpa, ou não, não sai, não cabe o afastamento ou a cassação”, disse. 

Bisneto disse que não é partidário de Cunha, mas que o parlamentar melhorou a imagem da Câmara dos Deputados. “Eu não defendo ele (Cunha). Não tenho nenhuma ligação partidária, mas ele melhorou muito a imagem da Casa. O ritmo de apreciação das matérias são frenéticos, projetos que há muito tempo estavam arquivados foram votados, ele ajudou e muito a melhorar a imagem do parlamento”, afirmou. 

Marcos Rotta (PMDB) não vê a necessidade de afastamento de Cunha da presidência da Câmara ou da perda de mandato. “O Cunha mesmo disse que está tranquilo e que tem responsabilidade para prestar toda e qualquer informação e que fará sua defesa de forma muito serena. Creio que temos de aguardar”, disse. 

Estranhando a informação do pedido de afastamento de Cunha, o deputado Silas Câmara (PSD) afirmou ser muito precipitado qualquer iniciativa deste gênero. “A minha opinião é de completo estranhamento do pedido de afastamento contra o Cunha. Sou contra o afastamento, pois acho que todos devem ter amplo e total direito de defesa. Apenas sob suspeita é muito precipitado pedir o afastamento”, disse. 

Para o deputado Hissa Abrahão (PPS), Cunha está sendo perseguido pelo governo federal por ameaçar a presidente Dilma Rousseff (PT) com a abertura do processo de impeachment contra ela. Ele afirmou ser contra a corrupção, mas que não pode julgar sem antes concluir o processo. “É preciso que haja elementos para a saída dele da presidência. O PPS não pode concordar com o desvio de conduta. Não se pode julgar, sem antes transcorrer o devido processo. Havendo mais elementos, o partido, sem dúvida, pedirá a saída dele”, disse.

Alfredo Nascimento também disse que prefere aguardar as investigações. “Não se tem nada provado, até agora, que o impeça (Cunha) de continuar como presidente da Câmara dos Deputados. Vamos aguardar o desenrolar das investigações”. 

A deputada Conceição Sampaio (PP) disse que a opinião dela será junto do partido, e ainda não foi feita nenhuma reunião definindo um posicionamento quanto ao tema. A reportagem, ao contatar o gabinete do deputado Átila Lins (PSD), foi informada que ele está em viagem a trabalho, mas não informou o motivo e nem o destino. //D24am