Delegado diz que mãe de bebê jogado no Rio Negro admitiu ter mentido à polícia

Versões apresentadas pelos suspeitos são incompatíveis, segundo Ivo Martins. Reconstituição deve acontecer em até dez dias.

Delegado diz que mãe de bebê jogado no Rio Negro admitiu ter mentido à polícia Notícia do dia 28/08/2015

Manaus - Cleudes Maria Batista de Moraes, 22, mãe do bebê Pablo Pietro, desaparecido desde o último dia 14 de agosto, admitiu, durante acareação realizada nesta quinta-feira entre ela e o pai da criança, que mentiu em depoimentos dados à polícia.  A informação foi dada pelo delegado Ivo Martins, da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (Dehs).

De acordo com o delegado, Cleudes mentiu três vezes, sendo uma no 19º Distrito Integrado de Polícia, onde o caso foi inicialmente registrado, e duas já na Dehs. Nas três ocasiões, ela disse ter nadado até uma balsa, mas hoje admitiu que estava mentindo, segundo Ivo Martins. “Situações novas apareceram. Ela disse que mentiu quanto ao fato de ter nadado quando ele encostou na balsa depois de ter jogado a criança na água. Ela resolveu falar que não nadou, e que mentiu porque estava com receio de que alguém tivesse visto ela com Josias”, disse o delegado, ressaltando que há filmagens confirmando que Josias foi quem levou Cleudes até a balsa.

Na avaliação do delegado,  os dois apresentam versões incompatíveis sobre o crime, já que os fatos apresentados por eles não se encaixam. “As versões continuam fantasiosas, sem nexo e sem pé nem cabeça, principalmente no momento em que eles estão no rio. Vamos ter muito trabalho”, disse ele, afirmando que a confusão pode trazer consequências para os suspeitos.  “Eles estão tumultuando o processo e isso pode atrapalhar a investigação e a percepção penal. Isso pode ser usado contra eles”.

Para tentar chegar a um maior esclarecimento sobre os fatos, a Dehs vai viabilizar a realização de uma constituição, que deve ocorrer em um prazo de dez a quinze dias. A expectativa de Ivo Martins é que, com a reconstituição, os fatos sejam esclarecidos. “Eu preciso comunicar os órgãos competentes ainda e entrar em contato com a Delegacia Fluvial. Acredito que a reconstituição ocorra nos próximos dez a quinze dias”.

Frieza

De acordo com o delegado,  tanto Cleudes quanto Josias não mostram preocupação com o bebê, que está desaparecido há quase duas semanas. “Eles pouco falam sobre o bebê. Não há preocupação com a criança em si, apenas com a vida de cada um deles”.

A polícia não trabalha com a hipótese de que o pequeno Pablo Pietro esteja vivo, apesar de não descartar tal hipótese. Na manhã de hoje, durante a acareação, o delegado afirmou que Josias, que chegou a questionar se de fato era o pai da criança, errou várias vezes o nome do bebê. “Josias disse que não tinha certeza que era o pai da criança, e que estava juntando um dinheiro para fazer o DNA,mas sempre pagava a pensão como se fosse o pai, de R$ 300 a R$ 400 por semana”.

Ivo Martins afirmou, ainda, que, pelos depoimentos, pôde-se perceber que a criança servia como uma ligação financeira entre Cleudes e Josias, já que ela não trabalhava e não tinha outro rendimento fixo. “Essa é uma das possibilidades, mas tudo ainda vai ser investigado”, afirmou ele, que trata o caso como “absolutamente intrigrante, na medida em que eles próprios não colaboram”. //D24am