Índios fazem protesto e são chamados de baderneiros

Na entrevista para a Imprensa, a coordenadora do Dsei/Parintins, Paula Rodrigues, disse que analisou a ocupação com grande surpresa e disparou contra os indígenas.

Índios fazem protesto e são chamados de baderneiros Notícia do dia 26/08/2015

PARINTINS, AM - O que já era ruim ficou pior ainda. Os tuxauas das etnias sateré-maué e hexkaryana, que decidiram em ocupar a sede do Distrito Sanitário Especial Indígena de Parintins (Dsei), ( a 325 quilômetros de Manaus), pertencente a Secretaria Especial de Saúde Indígena ( Sesai), ficaram enfurecidos com as declarações da coordenadora local, Paula Cristina Rodrigues, que os chamou de baderneiros, durante entrevista dela a imprensa. Os índios pedem a saída de Paula da coordenação do Distrito depois de assembléia do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) reprovar as contas dela, do exercício de 2014, por indícios de irregularidades.

A sede da Sesai de Parintins, localizada na rua Silva Campos, Centro, foi ocupada na segunda-feira (24), por 50 lideranças que se deslocaram das aldeias da região do Marau (Maués), Kassawa ( alto Nhamundá), Rio Andirá ( Barreirinha) e Rio Uaicurapá (Parintins).  “É muita prepotência dessa senhora. Um desrespeito com nosso povo e nossos parentes”, afirmou o tuxaua-geral do povo Hexkayana, Levy Feya, ao blog deAmazônia. “Não há clima para ela permanecer na coordenação. Isso mostra total desequilíbrio e que a coordenadora não tem nenhum preparo para lhe dá com políticas indígenas”, completou o tuxaua-geral do Rio Marau, Paulo Batista.

 As lideranças disseram que a ocupação do Dsei é por tempo indeterminado até que o secretário Nacional da Sesai, Antônio Alves, exonere Paula Cristina da chefia do órgão e sente a mesa para negociar com eles. Os tuxauas reclamam que não é a primeira vez que a coordenadora é denunciada a Brasília, e que Alves estaria fazendo vista grossa para os apelos deles. Chegou informação as lideranças que Paula seria “protegida” de Antônio Alves, daí o motivo de tamanha arrogância dela e de confrontar a decisão da assembleia do Condisi, disseram eles.

 

Paula Rodrigues, coordenadora do Dsei/Parintins

 Desde que os indígenas ocuparam pacificamente a sede do Dsei que a coordenadora não aparece no Distrito. O clima está insustentável. “Nós tuxauas e as entidades que representam nossos povos já enviaram documento a Sesai, em Brasília, e vamos aguardar uma resposta urgente do secretário Antonio Alves. Ninguém deixa a sua casa para vir a cidade protestar se a situação não estivesse ruim. Se estamos aqui porque lá na ponta a saúde está muito ruim”, acentuou o tuxaua-geral do Rio Andirá, Lúcio Michiles. “Já sabemos que o secretário da Sesai não está nem aí para as nossas reivindicações, mesmo diante de tantas denuncias, de tantas irregularidades no Distrito. Não temos logística, falta remédio. Depois de quatro anos já era para muita coisa ter melhorado”, completou o tuxaua-geral do Rio Uaicurapá, Mateus Batista.

 SAIBA MAIS _____________

As organizações indígenas pedem que sejam apuradas indícios de irregularidades na aplicação de mais de R$ 7 milhões, que o Dsei local recebeu em 2014

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 O presidente do Condisi, Manoel Nunes Filho, disse em coletiva a imprensa que na prestação de contas há forte indícios de superfaturamento nas compras na gestão da coordenadora. “Há grande quantidade, por exemplo, de compra de água mineral que nunca chegou a Casai. Maçã nunca chegou. Serviços funerários estão com preços acima do mercado. São muitas irregularidades. Por isso enviamos a denuncia ao Ministério Público Federal”, informou. As lideranças disseram ainda que a coordenadora também foi denunciada a Polícia Federal, Ministério da Justiça, Ministério da Saúde, Fundação Nacional do Índio ( Funai) e a Secretaria Nacional de Saúde Indígena (Sesai).

 Na entrevista para a Imprensa, a coordenadora do Dsei/Parintins, Paula Rodrigues, disse que analisou a ocupação com grande surpresa e disparou contra os indígenas. " É uma surpresa pra mim. É uma muita falta de interesse dos conselheiros. Eles vieram tumultuar. Neste momento adquirimos 15 grupos geradores e estamos tratando das obras das unidades de saúde. Não sei pra quem vieram aqui.  Se dizem lideranças mas são baderneiros que vieram tumultuar. Vieram comprados por políticos”, afirmou a coordenadora.

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