OCUPAÇÃO do Dsei/Parintins. Indigenas querem a saída da coordenadora

As lideranças aguardam que o secretário Nacional de Saúde Indígena, Antônio Alves, exonere a coordenadora

OCUPAÇÃO do Dsei/Parintins. Indigenas querem a saída da coordenadora Notícia do dia 25/08/2015

PARINTINS, AM - Índios da etnias sateré-maué e hexkaryana ocuparam no final da tarde desta segunda-feira (24) a sede do Distrito Sanitário Especial Indígena ( Dsei), da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), em Parintins ( a 325 quilômetros de Manaus), localizada na rua Silva Campos, Centro. Um grupo de lideranças indígenas, composto de 50 tuxauas pede a saída imediata da coordenadora do Dsei, Paula Cristina Rodrigues. Eles a acusam de superfaturar compras de gêneros alimentícios e de serviços para a Sesai local. Os indígenas colocaram faixas na entrada do órgão com as inscrições: “Fora Paula”. A Polícia Militar foi chamada para garantir a segurança do local.  

Nesta segunda-feira, os indígenas perderam a paciência com Paula. Eles argumentam que ela manobrou a realização de uma assembléia do Conselho Distrital de Saúde Indígena ( Condisi) na tentativa de rever a prestação de contas da gestão dela que os conselheiros já havia  reprovado, por indícios de irregularidades. A reunião teria sido convocada pelo vice-presidente do Condisi, Miguel Haxkaryana, e não pelo presidente Manoel Nunes Filho. E encontro encerrou com as lideranças reprovando, novamente, as contas de Paula Cristina e tornaram nula assembléia. Os índios vieram dos pólos  base das aldeias do Rio Marau, em Maués, do Rio Andirá, em Barreirinha, do Kassawa,  no Alto Nhamundá e do rio Uaicurapá, em Parintins.

  

Miguel Hexkaryana e Manoel Nunes Filho, presidente do Condisi

 O presidente do Condisi, Manoel Nunes, disse que as aldeias não agüentam mais Paula Cristina na chefia do Distrito. Ele disse que falta desde remédio nas comunidades e que não há logística adequada para a remoção dos doentes. De acordo com Manoel, as denuncias de superfaturamento são gravíssimas. As  compras para as Casas de Saúde Indígena sempre chegavam para os pacientes pela metade. “ O Dsei comprova grande quantidade de água mineral, mas que nunca chegou, por exemplo, as Casais. Maçã, nunca apareceu. Muita coisa do que consta na lista de compras da prestação feita por ela nunca entrou na Casai. Até serviços funerários com valores acima. Chega! Queremos ela fora”.

 

 PRESTAÇÃO DE CONTAS REPROVADAS ___________

No dia  14 de julho, o Conselho de Saúde Indígena ( Condisi) reprovou as contas da gestão de Paula alegando superfaturamento nas compras de insumos e gêneros alimentícios destinados as Casas de Saúde Indígenas ( Casai). As organizações indígenas pedem que sejam apuradas indícios de irregularidades na aplicação de mais de R$ 7 milhões, que o Dsei local recebeu em 2014. O Distrito Sanitário Indígena de Parintins funciona como pólo e abrange ainda as cidades de Barreirinha, Nhamundá e Maués.

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 O presidente das Organizações Tradicionais dos Povos Indígenas do Baixo Amazonas (AKang), Aldamir Sateré, disse que a coordenadora queria destituir o atual presidente do Condisi, Manoel Nunes, por causa das denuncias, e de forma arbitrária pretendia realizar nova eleição do conselho. “Ela quis confrontar e afronta as lideranças. Tentou  manipular tudo e derrubamos todas as propostas que a coordenadora apresentou”, argumentou.

  

50 tuxauas ocupam a sede do Disei-Parintins

 As lideranças aguardam que o secretário Nacional de Saúde Indígena, Antônio Alves,  exonere a coordenadora. “O clima está insustentável. Não há mais condições da coordenadora continua no cargo”, completou Aldamir.  “Esse protesto e ocupação é pedindo a saída da coordenadora e a apuração de todas as denuncias”, afirmou Derli Batista, do Conselho Geral da Tribo Sateré Maué e conselheiro distrital de saúde indígena.

 “Depois de quatro anos coordenando o Dsei, somente agora após as denuncias ela vai querer construir as unidades de saúde”, acrescenta o presidente da Akang. Por supostos indícios de irregularidades na prestação de contas 2014, que não foram aprovadas pelo Condisi, as organizações indígenas formalizaram denuncias contra a chefa do Dsei Parintins ao Ministério da Justiça, Ministério Público Federal, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Ministério da Saúde e pedindo que a Polícia Federal apure o caso.

 Miguel Hexkaryana, do Conselho Geral dos Povos Hexkaryana assegurou que  a  ocupação da sede do Dsei é por tempo indeterminado. “Vamos ficar aqui até que o secretário Antônio Alves leve de volta a dona Paula para Brasília. Não queremos mais ela aqui. Não confiamos mais nela. Nosso povo e nossos parentes já fomos muito enganados”, acentua.

 Baderneiros que querem tumultuar

A coordenadora do Dsei/Parintins, Paula Cristina Fernandes, disse que ficou surpresa com a manifestação dos indígenas que resultou na ocupação do órgão. Os indígenas chegaram a sede da Sesai local, quando a coordenadora participava de uma reunião com representantes de uma empresa que vai construir as unidades de saúde nas comunidades. “É uma surpresa pra mim. É uma muita falta de interesse dos conselheiros. Eles vieram tumultuar. Neste momento adquirimos 15 grupos geradores e estamos tratando das obras das unidades de saúde. Não sei pra quem vieram aqui.  Se dizem lideranças mas são baderneiros que vieram tumultuar. Vieram comprados por políticos”, afirmou Paula.

 Ela disse também que não manipulou ninguém na reunião sobre a prestação de contas. “ Quem fala isso tem mente pequena. Cada um tem seu livre arbítrio. Era uma reunião de esclarecimentos, mas optaram por não ter aprovação porque querem tumultuar”, acrescentou a coordenadora.

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