José Dirceu pede ao Supremo para ficar preso em Brasília

Ex-ministro foi preso nesta segunda (3) na Operação Lava Jato.

José Dirceu pede ao Supremo para ficar preso em Brasília Juiz Sérgio Moro pediu ao STF transferência de Dirceu para Curitiba. Notícia do dia 03/08/2015

A defesa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu pediu nesta segunda-feira (3) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ele permaneça em alguma unidade prisional em Brasília. Dirceu teve prisão preventiva decretada nesta manhã na 17ª fase da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras.

O juiz Sérgio Moro pediu ao STF que Dirceu seja transferido para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde estão os outros presos na operação.

O ex-ministro do governo Lula é suspeito de ter idealizado o esquema de corrupção na estatal e de ter recebido propina para sua empresa de consultoria.

A defesa de Dirceu encaminhou o pedido de permanência em Brasília ao ministro do STF Luís Roberto Barroso, relator das execuções penais do processo do mensalão – no qual Dirceu foi condenado e ainda cumpre prisão domiciliar em sua casa na capital federal.

Pedido
No pedido, a defesa alega que, desde que soube que era investigado, Dirceu se colocou à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.

Para os advogados do ex-ministro, a exemplo de presos condenados, Dirceu poderia passar o tempo de prisão preventiva perto de familiares.

O advogado Roberto Podval, que defende Dirceu na Lava Jato, afirma que ele poderia ser interrogado em Brasília, ou que investigadores de Curitiba poderiam vir à capital para algum ato relacionado à prisão.

Mais cedo, Barroso disse que decidirá nesta segunda se autoriza a transferência de Dirceu para Curitiba. (veja vídeo)

'Instituidor e beneficário'
Segundo as investigações do Ministério Público Federal, o ex-ministro da Casa Civil participou da instituição do esquema de corrupção da Petrobras quando ainda estava na chefia da Casa Civil, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-ministro "repetiu o esquema do mensalão", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima em entrevista em Curitiba.

"Não é à toa que o ministro do Supremo disse que o DNA é o mesmo. Nós temos o DNA, realmente, de compra de apoio parlamentar – pelo Banco do Brasil, no caso do mensalão, como na Petrobras, no caso da Lava Jato."

Segundo ele, Dirceu foi “instituidor e beneficiário do esquema da Petrobras”, mesmo durante e após o julgamento do mensalão.

"José Dirceu recebia valores nesse esquema criminoso enquanto investigado no mensalão e enquanto foi preso. Seu irmão fazia o papel de ir até as empresas para pedir esses valores." O procurador afirmou que esta foi uma das razões que motivaram o novo pedido de prisão para Dirceu.

Transferências
Por volta das 15h30 desta segunda, seis presos na 17ª fase da Lava Jato deixaram a Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, na Zona Oeste e seguiram para o Aeroporto de Guarulhos, onde irão embarcar em um avião para Curitiba, no Paraná.

No total, oito pessoas foram presas nesta manhã na 17ª fase da Lava Jato:

Prisão preventiva (sem prazo determinado)
José Dirceu de Oliveira e Silva - ex-ministro e dono da JD Consultoria
Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura - lobista
Celso Araripe - gerente da Petrobras

Prisão temporária (prazo de 5 dias)
Roberto Marques
Luiz Eduardo de Oliveira e Silva
Olavo Hourneaux de Moura Filho
Pablo Alejandro Kipersmit
Julio Cesar dos Santos

A Polícia Federal afirma que a empresa de Dirceu recebeu valores indevidos de forma "oficial", por meio da JD Assessoria e Consultoria Ltda, e "extraoficial" em dinheiro em espécie.

Houve casos, de acordo com a Polícia Federal, em que representantes do ex-ministro pegaram dinheiro diretamente na casa do empresário Milton Pascowitch, também investigado na Lava Jato. Para os investigadores, Pascowitch agia como um operado no esquema de corrupção. 

No mandado de prisão para Dirceu, o juiz Sérgio Moro, que julga ações da Lava Jato na primeira instância, diz que o ex-ministro "teria insistido" em receber dinheiro de propina em contratos da Petrobras mesmo após ter deixado o governo, em 2005.

Desde as 6h, a PF cumpre 40 mandados judiciais na 17ª fase da operação, sendo três de prisão preventiva, cinco de prisão temporária, 26 de busca e apreensão e seis de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. /// G1