Comissão da reforma política adia votação de relatório para segunda

Presidente da Câmara criticou o relatório e disse que seria melhor não votar

Comissão da reforma política adia votação de relatório para segunda Previsão era de que texto do relator fosse votado na sessão desta terça-feira Notícia do dia 19/05/2015

A comissão especial da Câmara criada para elaborar um projeto de reforma política adiou para a próxima segunda-feira (25) a votação do relatório final do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), que estava prevista para esta terça-feira (19). Entre outros pontos, o projeto cria o chamado sistema "distritão" nas eleições do Legislativo, prevê um teto para o financiamento da campanha por empresas e propõe a redução dos mandatos de senadores de oito para cinco anos.

No início da sessão desta terça, o presidente da comissão, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que ele e o relator conversaram e decidiram reabrir os debates sobre o texto – que havia recebido críticas inclusive do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – e marcar a votação do relatório para a próxima segunda-feira.

Segundo Maia, o motivo do adiamento foi o fato de o relator ter disponibilizado ao colegiado uma nova versão do projeto. A intenção, destacou o presidente da comissão, foi que todos os deputados tivessem tempo para analisar com cuidado o texto.

Rodrigo Maia disse aos integrantes da comissão que ele combinou com o presidente da Câmara um prazo até a próxima terça-feira (26) para votar o relatório.

“Já está acertado com ele [Cunha] que temos a segunda à noite e terça o dia inteiro”, relatou Maia. “O presidente não avocará ao plenário sem aprovação da comissão”, completou.

Críticas de Cunha
Nesta segunda-feira (18),  Eduardo Cunha criticou o relatório da reforma política elaborado por Marcelo Castro, seu colega de partido. Na ocasião, o presidente da Câmara disse que seria “preferível” que o texto não fosse votado do jeito que está pelo colegiado. Ele chegou a defender que a proposta fosse votada diretamente no plenário na semana que vem para dar tempo de valer já para as eleições de 2016.

Alvo das críticas do presidente da Casa, Castro disse durante a sessão que não se sente pressionado pelas críticas direcionadas ao relatório, que, de acordo com ele, expressa o pensamento da maioria da comissão. “Tenho personalidade que julgo amadurecida e forte e não me sinto pressionado por ninguém. O caso comigo e com Cunha é bala trocada. Para mim, assunto encerrado”, afirmou o relator aos colegas da comissão.

O deputado do Piauí contou que, nesta segunda, tinha agendado uma reunião marcada com o presidente da Câmara, porém, o encontro foi cancelado depois que Cunha fez críticas públicas ao seu relatório. “Em vez de ter reunião, recebemos declarações que ele [Cunha] deu nos jornais”, observou o relator.

Castro relatou ainda ter pedido que sua assessoria repassasse aos outros integrantes da comissão a avaliação de que Cunha foi desrespeitoso com todo o colegiado. Na véspera, ele havia dito que, obviamente, o presidente da Câmara tinha escolhido o relator errado”. Para o peemedebista, ao longo da elaboração do relatório, ocorreram discordâncias entre ele e o PMDB.

“Vossas excelências acompanharam problemas que houve com a condução do PMDB. O PMDB defende um ponto de vista, eu defendo outro. Isso soa estranho para todos, para a sociedade."

“Na verdade, deveria estar aqui uma pessoa que refletisse o pensamento do partido, mas isso me foi dito tempos depois de eu ter expressado meu pensamento e ter feito compromisso com vossas excelências, então, não me restava outra alternativa senão continuar com compromisso que fiz desde o primeiro dia”, acrescentou.

Bancada feminina
Em meio à sessão desta terça da comissão especial, um grupo de parlamentares mulheres pediu paridade de gênero na representação política no Congresso. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) defendeu a participação feminina.

"A gente é responsável hoje por 40% da força de trabalho, mas no parlamento temos só 10% das cadeiras", disse. "O protagonismo que conseguimos na sociedade não transferimos para a política ainda", ponderou a senadora do PC do B. /// G1