Força-tarefa do Ministério Público chega em Coari, apura denúncias e confirma que mais de 6 mil crianças estão sem aula no município

“Não tem merenda escolar, não tem catraieiros (pequenos barcos que fazem o transporte escolar), não tem professor e não tem aula. Mais de 6 mil crianças estão fora da escola em Coari”, contou o procurador geral Fábio Monteiro ao Radar, em entrevista pelo

Força-tarefa do Ministério Público chega em Coari, apura denúncias e confirma que mais de 6 mil crianças estão sem aula no município Notícia do dia 16/04/2015

Uma força-tarefa do Ministério Público do Estado (MPE-AM) chefiada pelo próprio Procurador-Geral de Justiça do Estado, promotor Fábio Monteiro chegou nesta quarta-feira (15) no município de Coari para apurar denúncias de falta de pagamento de servidores públicos, entre eles os professores do município, assim como fornecedores, levantando a suspeição de que os recursos da Prefeitura de Coari estariam sendo usados para outras finalidades que não as de custear os serviços públicos, sequer de áreas essenciais como educação e saúde.

“Não tem merenda escolar, não tem catraieiros (pequenos barcos que fazem o transporte escolar), não tem professor e não tem aula. Mais de 6 mil crianças estão fora da escola em Coari”, contou o procurador geral Fábio Monteiro ao Radar, em entrevista pelo telefone, após fazer inspeções nas escolas, durante a tarde. Ele também esteve no depósito de merenda escolar da Secretaria Municipal de Educação de Coari, e comenta: “O funcionário responsável pelo depósito nos mostrou que o que ainda resta são três latas de óleo. Desde fevereiro que não há fornecimento de merenda escolar”, constatou Fábio Monteiro, acrescentando. “É inadmissível que um município que tem R$ 16 milhões a R$ 17 milhões de arrecadação esteja com tudo em atraso”.

Para confirmar esse descontrole financeiro e administrativo generalizado, o procurador disse ao Radar que desde o momento em que chegaram ao Fórum de Coari, onde funciona a Promotoria de Justiça do município, cerca de 80 pessoas se concentraram dentro e fora do prédio. “Eram professores reclamando falta de pagamento de salário, mas também servidores da área de saúde, catraieiros, proprietários de imóveis alugados para a prefeitura que dizem estar sem receber há 12 ou 13 meses… As informações que chegam é que há muita coisa em atraso”, declara.

Tempo real

Para investigar o que foi feito dos recursos públicos do município, o procurador Fábio Monteiro conta ao Radar que está sendo feita a checagem da movimentação financeira das contas da Prefeitura de Coari. Nesse momento pergunto a ele se é verdadeira a informação que chegou ao Radar de que o vereador Carlos Batista, o Merelo, que ocupou o cargo de prefeito em exercício do município antes de Iran Medeiros, foi procurá-lo na tentativa de comprovar que deixou o montante de R$ 580 mil em uma conta da Prefeitura para pagamento do 13º salário dos professores, pagamento que os professores dizem que apenas 200 deles receberam e somente R$ 400 reais. Fábio Monteiro confirma a informação e explica: “Estamos ouvindo a todos que querem repassar informações, mas há de se ter cautela. Tudo será checado, como disse anteriormente, conforma a movimentação bancária da Prefeitura”.

O procurador disse ainda que foi ouvido o secretário de Educação do município, advogado Aldevan Cordovil, mais conhecido por Adeva. E que estava naquele momento, por volta das 17hs, retornando à Promotoria do Ministério Público para se reunir com o empresário Raimundo Magalhães que após decisão do TRE será diplomado amanhã e, posteriormente, tomará posse no cargo de prefeito. “Vamos apurar o que ocorreu com os recursos de Coari e vamos apontar os responsáveis. Mas estamos também atuando de forma preventiva, já que todos os gestores públicos dizem estar de boa vontade e concordaram em celebrar um pacto para que sejam repassadas em tempo real as receitas e despesas do município. Não queremos usurpar o poder do prefeito e respeitamos a independência dos Poderes, mas como os desmandos são muitos e há por parte deles manifestação de que querem cumprir as Leis, então vamos apurar com rigor, apontar responsáveis pretéritos, mas assumir o compromisso de que isso não ocorrerá mais no futuro”, assegura o procurador. (Any Margareth/Radar Amazonico)