Chuva, protestos e solidariedade marcam atos feministas em Parintins

A luta pelo feriado no Dia Internacional das Mulheres foi a tônica da semana que culminou com o ato popular na Praça da Liberdade

Chuva, protestos e solidariedade marcam atos feministas em Parintins Foto: Floriano Lins Notícia do dia 10/03/2024

A chuva que caiu na manhã de sexta-feira, 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, não intimidou ativistas feministas no cumprimento da agenda aberta às 6h da manhã, na Praça da Liberdade, na avenida Nações Unidas, centro da Ilha de Parintins, 369 km de Manaus. Entre pronunciamentos, músicas, poesias e protestos, o ato de celebração de mais um Dia das Mulheres chamou a atenção pela determinação de encarar a chuva e dançar ao ritmo do vento enquanto ocorria a programação.

 

Professoras e acadêmicas do Instituto de Ciências Sociais e Zootecnia da UFAM e do Centro de Estudos Superiores da UEA, e estudantes do programa “Mulheres Mil”, do IFAM, se uniram às integrantes de movimentos populares para a série de apresentações e inclusão de um espaço de solidariedade e desagravo às mulheres mortas no holocausto imposto pelo governo de Israel, com o apoio dos Estados Unidos, contra o povo da Palestina, na faixa de Gaza.

 

Com o tema “8 de Março Fechado! A Gente faz Feriado!” as feministas coloriram a área frontal da Praça da Liberdade com faixas, bandeiras e cartazes em um ato descontraído e ao mesmo tempo firme de protestos contra a falta de atenção ao Projeto de Iniciativa Popular propondo o 8 de março como Feriado. As lideranças presentes criticam o pouco caso das autoridades para o pleito das mulheres, haja vista a luta nesta direção iniciou em 2019 e os vereadores terem, inclusive, aprovado por unanimidade propositura de um dos membros da casa em 2023, “mas a aprovação não saiu do papel”.

 

A coordenação do evento feminista informou que a proposta parintinense já tem adesões de lideranças nacionais para propor Feriado Nacional. “Um deputado Distrital de Brasília e uma conselheira do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos das Mulheres já enviaram suas respostas à adesão a iniciativa popular das mulheres parintinense a proposta também já está sendo debatida discutida por integrante da representação Marcha Mundial das Mulheres no Brasil”, informaram as ativistas.

 

O documento das ativistas de Parintins também foi entregue à primeira dama, Janja da Silva, durante a visita da comitiva do presidente Lula da Silva a Parintins, em agosto de 2023. As deputadas federais Gleisi Hoffmann, Jandira Feghali e Erika Kokay também receberam, recentemente, cópias dos documentos.

 

Chuva

A chuva que predominou a manhã de sexta-feira foi recebida com festa e louvações pelas lideranças dos movimentos. “A chuva é uma fêmea como nós. Ela é autônoma, é livre; chega a hora que ela quer e se vai a hora que bem entende; ela se mexe, se movimenta do jeito que gosta. Então por que que nós vamos ter medo da chuva, uma Mana igual a nós? Vamos acolher a chuva, dialogar com ela, pois suas massagens através das gotinhas trazem alívio aos nossos fardos, acalmam nossas tensões. A chuva bem-vinda à nossa manifestação, nesse dia 8 de março”, discursou a educadora popular Fátima Guedes que classificou o ato como “Femeativismo”. “Nosso objetivo é despertar autoestima, autonomia e protagonismo em prol da Justiça Social com efetivação do Feriado no 8 de março”, disse.

 

Palestinas

Uma bandeira da Palestina, com o dizer - “Pelo fim do Holocausto na Palestina”-, foi apresentada no ato, em momento de Solidariedade àquele Povo, especialmente às Mulheres e crianças, as mais afetadas pela violência Patriarcal de Israel. A música “Nós somos o Mundo” (em português) foi ouvida e cantada pelas pessoas presentes e lido o manifesto dos movimentos populares:

 

“Há um imenso vazio neste 8 de março! Falta Alguém... Faltam mulheres!... Faltam muitas, muitas!... Alguém sabe informar sobre a realidade das Mulheres Palestinas, neste momento?...” questiona o manifesto.

 

“Mais de 25.000 foram assassinadas junto suas crianças pelo holocausto de Israel contra o povo Palestino. São mais de 30.000 vidas destruídas barbaramente. Que diria Jesus de Nazaré diante de tal massacre? Que dizem os seguidores de Jesus de Nazaré? Ou ignoram que Jesus de Nazaré é um Palestino?”, pergunta.

 

“Pedem minutos de silêncio!!!... Não!!! Silêncio é omissão! É hipocrisia!... A cada minuto de silêncio quantas vidas são bombardeadas na Palestina? As dores das vidas perdidas ecoam em nossos corações, em nossas memórias, neste momento... Clamam ao mundo inteiro por Justiça, Respeito à vida! Em solidariedade ao Povo Palestino e especialmente às Mulheres, gritemos em alta voz: NO LUTO, NÓS LUTAMOS!”, conclui o manifesto.

 

Em protesto ao holocausto do Governo de Israel contra a Palestina, o manifesto foi seguido por um minuto de barulho entre palavras de ordem, e sons de palminhas de madeira. O ato feminista foi marcado, também, por momentos de descontração e danças ao longo da manhã chuvosa.

 

As manifestações populares pelo Dia das Mulheres tiveram ainda uma celebração com Roda de Conversa promovida pela Associação de Mulheres Vitória Régia, no Beco Raimundo Luiz de Menezes no centro da cidade. O evento teve as participações de várias lideranças de outros coletivos, moradoras do bairro e convidados.

 

Vídeos

O Coletivo responsável pela programação da Praça da Liberdade, formado pela TEIA, Articulação Parintins Cidadã (APACI), Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular em Saúde (ANEPS), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Coletivo Mulheres de Fibra da Amazônia (COLIMA), Fórum Parintinense de Educação do Campo, das Florestas e das Águas Paulo Freire, Associação do Movimento de Mulheres da Amazônia (MANI) intensificou a campanha por Feriado durante toda a semana quer antecedeu o Dia das Mulheres com postagens de vídeos chamando a atenção para o pleito feminista.

 

Vozes e imagens de lideranças femininas e masculinas foram veiculadas nas redes sociais pontuando a importância do reconhecimento ao direito de um dia para o descanso e a celebração livre da data. A música da cantora Mariana Nolasco, “Por Todas as Mulheres, foi o tema dos vídeos veiculados, destacando o verso “... abafaram nossa voz,... mas esqueceram de que não estamos sós...”.

 

Por Floriano Lins