Do boi-bumbá ao BBB 24: o que fazer em Parintins, no Amazonas, durante seu tradicional festival folclórico

Representado no reality por Isabelle Nogueira, evento cultural na Região Norte acontece no final de junho, mas Ingressos começam a ser vendidos em 1º de fevereiro

Do boi-bumbá ao BBB 24: o que fazer em Parintins, no Amazonas, durante seu tradicional festival folclórico Foto: Reprodução Notícia do dia 22/01/2024

O Festival Folclórico de Parintins acontece apenas em junho, mas o evento já virou assunto no país inteiro em pleno janeiro. O motivo tem nome, sobrenome e cor: Isabelle Nogueira, integrante do vermelho Boi Garantido e da atual edição do Big Brother Brasil. A participação da dançarina manauara no reality show da TV Globo tem chamado a atenção de muita gente para o festival no interior do Amazonas, cujos ingressos começam a ser vendidos em 1º de fevereiro.

 

Segundo município mais populoso do Amazonas, com cerca de cem mil habitantes, Parintins fica numa ilha a 369 quilômetros de Manaus. Não há estradas conectando as duas cidades, apenas é possível chegar navegando (em jornadas de até 18 horas) ou pelo ar (com voos de uma hora a partir da capital amazonense). Um esforço até pequeno para quem quer ver de perto uma das manifestações culturais mais emblemáticas do país, o confronto entre os bois Garantido e Caprichoso, que dividem a cidade nas cores vermelho e azul, respectivamente.

 

Em 2024, as apresentações de boi-bumbá acontecerão nos dias 28, 29 e 30 de junho. O palco é o Bumbódromo, uma arena para 17 mil pessoas, com arquibancadas pintadas, meio a meio, em vermelho e azul, construída especialmente para as apresentações de proporções "amazônicas".

 

 

O espetáculo combina música contagiante (a tradicional toada), belas fantasias e alegorias gigantes que não deixam nada a dever aos desfiles das escolas de samba de Rio e São Paulo, por exemplo - há anos, aliás, agremiações cariocas e paulistanas se habituaram a contratar profissionais de Parintins para dar mais movimentos às esculturas dos carros alegóricos.

 

Desde que chegou na casa do BBB, Isabelle fez questão de falar sobre sua participação na festa. Há dez anos, a dançarina é a cunhã-poranga do Boi Garantido. Em tupi-guarani, o termo significa "moça bonita", mas o posto vai além do de musa. Dentro da agremiação, a cunhã representa a força e a beleza da mulher indígena, e sua apresentação para o público é um dos 21 quesitos que valem nota no julgamento final, que define qual boi é o vencedor do festival. Os jurados avaliam pontos como simpatia, desenvoltura, graça e interpretação de movimentos e danças que remetem às guerreiras amazônicas.

 

Ingressos: quanto custa e como comprar

 

Os ingressos para o festival começam a ser vendidos em 1º de fevereiro. É possível comprar através dos sites festivaldeparintins.com.br e bilheteriadigital.com, ou direto com a empresa Amazon Best, que organiza o festival, pelos telefones (92) 98269-0256, (92) 99376-8133 e (92) 99177-4825.

 

Os ingressos são vendidos em forma de passaportes para os três dias, e o valor varia de acordo com a localização dentro do Bumbódromo: arquibancada central (R$ 2.000), arquibancada especial (R$ 1.500), cadeira tipo 1 (R$ 1.650) e cadeira tipo 2 (R$ 1.200). A venda é limitada a três passaportes por CPF e é possível parcelar o valor em até seis vezes sem juros no cartão de crédito.

 

Os currais

 

 

Parintins respira a rivalidade entre os bois vermelho e azul, que já dura décadas. E para conhecer mais sobre os bois que dominam e dividem a ilha, é preciso visitar seus "currais", como são conhecidas as sedes das agremiações. Lá acontecem ensaios e eventos de Garantido e Caprichoso ao longo de quase todo o ano.

 

A casa do Boi Caprichoso é o Curral Zeca Xibelão. O complexo, obviamente todo pintado de azul, fica no Centro (Rua Gomes de Castro 685) e tem entrada gratuita todos os dias, das 8h às 19h. Lá, os visitantes encontram um museu que conta a história do boi marcado com uma estrela azul na testa.

 

Já a Cidade Garantido, o quartel general do lado vermelho de Parintins, fica na Baixa do São José (Estrada Odovaldo Novo 4015) às margens do Rio Amazonas. Também há um museu e sala de troféus do boi do coração vermelho com entrada franca, além de uma longa agenda de ensaios e shows. Funciona de segunda-feira a sábado, das 8h à meia-noite.

 

Outras atrações em Parintins

Catedral de Nossa Senhora do Carmo

 

 

A história da principal igreja da cidade, conhecida também como Santuário Amazônico, está diretamente ligada à disputa dos bois Garantido e Caprichoso. Afinal, foi para arrecadar fundos para sua construção, em 1958, que a Juventude Alegre Católica, em parceria com o bispo da época, decidiu criar um festival folclórico que reunisse diversos grupos culturais da cidade, entre eles os bois-bumbás. O evento deu tão certo que não só a cidade ganhou sua catedral, que começou a ser erguida em 1961, como entrou para o mapa das grandes festas populares do país.

 

Mercado Municipal de Parintins

 

Localizada às margens do Rio Amazonas e na divisa com o estado do Pará, a ilha funciona há séculos como um importante entreposto comercial na floresta. Esse espírito ainda está presente no mercado municipal, construído em 1937 (e reformado em 2019) e onde se encontra de tudo um pouco. Há desde oferta generosa de artesanato das diversas culturas indígenas e ribeirinhas da região às barraquinhas que vendem ervas e misturas naturais capazes de curar os mais diversos males.

 

É um bom local também para provar um pouco da gastronomia local, com iguarias típicas como o famoso x-caboquinho, um sanduíche de pão francês com tucumã e queijo coalho, o fritinho de crueira (uma massa feita com mandioca), e o jaraqui (um peixe local) frito com baião de dois.

 

As praças do Centro

 

 

Seguindo a orla do Amazonas, ao lado do mercado municipal, está a Praça do Cristo Redentor, também conhecida como Praça Digital, porque foi o primeiro ponto da cidade, em 2007, a ter internet gratuita para moradores e visitantes. Ponto de encontro por excelência da cidade, com muitos bares e restaurantes, a praça conta com um anfiteatro que costuma receber apresentações de teatro e música ao longo de todo o ano. De lá também partem barcos para passeios por ilhas e praias próximas.

 

Não muito longe dali ficam outras duas praças bastante movimentadas. Localizada na orla e apelidada de Praça do Comunas, por causa de um bar bastante popular, a Praça Judith Prestes é considerada um dos melhores pontos para curtir o pôr do sol. Já a Praça Eduardo Ribeiro, ou Praça da Prefeitura, abriga a Feira de Artesanato Indígena, que reúne a produção de diversas comunidades da região. Ela também é um conhecido ponto de partida para os tours de triciclo, a maneira mais tradicional de se conhecer a cidade.

 

Passeios nos arredores

 

 

Para se refrescar em Parintins, um dos lugares mais populares é o Balneário Municipal do Cantagalo, na comunidade de Aninga, na zona rural da cidade. Às margens do Lago Aninga, uma boa estrutura de lazer foi montada, com bares, restaurantes, lanchonetes e serviços turísticos, como passeios de caiaque. Durante o período do festival, é comum que haja apresentações de grupos de toada e bois-bumbás, inclusive os protagonistas Caprichoso e Garantido. Do Centro até lá são dez quilômetros de estrada asfaltada.

 

Também há passeios para a Serra da Valéria, um morro de 152 metros de altura na comunidade rural da Valéria. Além de oferecer uma bela vista para a floresta e para o rio, o lugar é um sítio arqueológico que guarda importantes vestígios que ajudam a entender como viviam os povos originários desta parte da floresta, com direito a um pequeno museu mantido pelos moradores.

 

Outro passeio interessante é à Vila Amazônia, onde uma importante comunidade de colonos japoneses se instalou no começo do século passado e criou uma escola para potencializar as atividades econômicas da região. Até hoje vivem lá descendentes dos imigrantes orientais.

 

Por Eduardo Maia O Globo