'A água começou a esquentar, a ferver, e os peixes sumiram': relata indígena sobre os impactos da seca no Rio Negro

Rosivaldo Miranda, indígena do povo Piratapuya, vive na aldeia Açaí-Paraná, no município São Gabriel da Cachoeira

'A água começou a esquentar, a ferver, e os peixes sumiram': relata indígena sobre os impactos da seca no Rio Negro Foto: Matheus Castro/ G1 Notícia do dia 27/10/2023

Para além das consequências visíveis na paisagem, com rios abaixo da margem, bancos de areia aparentes e peixes e botos mortos, a seca no Rio Negro impacta ainda mais populações ribeirinhas que dependem da água para beber, para pescar e para transitar.

 

"A água que nós estávamos bebendo parecia que estava fervendo. Água [estava] morna, mais que morna. A gente descia para beira, para pegar água, 3 horas da tarde, 2 horas da tarde e a água estava quente mesmo, bastante quente. Estava ruim para beber, para tomar banho."

O relato acima é de Rosivaldo Miranda, indígena do povo Piratapuya que vive na aldeia Açaí-Paraná, no município São Gabriel da Cachoeira (AM). Em entrevista ao podcast O Assunto desta sexta-feira (27), ele contou como a seca no Rio Negro tem atingido quem precisa dele diariamente para viver.

 

"A água começou a esquentar, a ferver, e os peixes sumiram. Sumiram!"

 

Conhecido pelas águas escuras e sua extensão de quase 1.700 km, o Rio Negro é influenciado pelo Rio Solimões e depende da subida das águas no Peru e na tríplice fronteira, onde está situada a cidade de Tabatinga.

 

Ele corta a cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, e onde uma medição é realizada diariamente. Desde domingo (22), o nível das águas está abaixo dos 13 metros no Porto de Manaus. É a pior seca da história em Manaus, desde que as medições hidrológicas foram instaladas, em 1902, e que reflete também em toda a região da floresta amazônica.

 

Nesta quarta-feira (25), subiu para 60 o número de cidades em situação em emergência no Amazonas por causa da seca histórica. São 608 mil pessoas afetadas no estado.

 

Por g1