Empresário preso por pedofilia ameaçou jornalista que veiculou notícia

“Eles achavam que esses empresários eram donos do site. Ele me ligaram e pediram para eu ter cuidado, porque esse empresário age sempre com violência”, disse Freitas.

Empresário preso por pedofilia ameaçou jornalista que veiculou notícia Notícia do dia 03/04/2015

MANAUS – O jornalista Elcimar Freitas, proprietário do site de notícias Fato Amazônico, procurou, nesta terça-feira, 31, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP) para denunciar que está sendo ameaçado de morte por um comerciante que estava preso sob suspeita de pedofilia contra meninas indígenas do município de São Gabriel da Cachoeira (distante 852 quilômetros de Manaus), e foi solto há duas semanas.

 O empresário Marcelo Carneiro Pinto foi solto no dia 15 deste mês por decisão da desembargadora Encarnação das Graças Sampaio Salgado, do Tribunal de Justiça do Amazonas, no julgamento de habeas corpus. No dia 29, o Fato Amazônico publicou matéria sobre o relaxamento da prisão e Pinto ficou irritado com o jornalista.

 Na segunda-feira, segundo Elcimar Freitas, os familiares de um funcionário do site, que atua nas redes sociais, foram procurados por pessoas ligadas ao empresário, no município de São Gabriel da Cachoeira. “O pai desse funcionário é pastor evangélico em São Gabriel da Cachoeira, e o filho do empresário invadiu a igreja onde ele trabalha para tomar satisfações a respeito da publicação da matéria. O funcionário não tem nada a ver com a questão editorial”, disse Elcimar.

 No terça-feira, disse o jornalista, dois homem foram à casa onde ele mora com a mulher e o filho, em Manaus, e pediram informações sobre a família. Não havia ninguém em casa, mas um vizinho o avisou da “visita indesejada”. Na noite desta terça-feira, Elcimar disse que dormiu com a família na casa de um amigo. “Agora estou indo à delegacia formalizar a denúncia de ameaça, por orientação do procurador-geral de Justiça, Fábio Monteiro”, disse o jornalista na manhã desta sexta-feira.

 Ele relatou, ainda, que dois empresários que trabalham em São Gabriel da Cachoeira e com quem ele tem amizade, foram procurados pela família de Marcelo Pinto. “Eles achavam que esses empresários eram donos do site. Ele me ligaram e pediram para eu ter cuidado, porque esse empresário age sempre com violência”, disse Freitas.

 Entenda a prisão do empresário

O empresário Marcelo Carneiro Pinto e mais 10 pessoas foram presos no dia 22 de maio de 2013 pela Polícia Federal na “Operação Cunhatã”, que desarticulou uma suposta rede de exploração sexual de menores indígenas, na cidade de São Gabriel da Cachoeira. Os irmãos de Marcelo, Arimatéia Carneiro Pinto e Manuel Carneiro Pinto, também foram presos na mesma ação da PF e continuam presos.

 Na na operação também foram presas acusadas de agenciamento Adriana Lemos Vasconcelos e Maria Auxiliadora Tenório Sampaio, o ex-vereador Aécio Dantas da Silva, o empresário Agenor Lopes de Souza, Artenísio Melgueiro Pereira, Hernane Cardoso Garrido e Moacy Alves Maia.

 As investigações, que visavam apurar a existência de uma rede de exploração sexual de menores indígenas na cidade de São Gabriel da Cachoeira, foram iniciadas com base em denúncias recebidas, além de matérias publicadas na imprensa sobre o tema.

 Nos depoimentos a Polícia Federal, crianças de 12 anos e adolescentes entre 15 e 17 anos, confirmaram que mantinham relações sexuais com todos os empresários em troca de dinheiro e até de guloseimas como chocolates.

 Habeas corpus revogado

O habeas corpus concedido pela desembargadora Encarnação das Graças Sampaio Salgado foi revogado na noite desta terça-feira pelo desembargador João Mauro Bessa, e a Justiça expediu um novo mandado de prisão, que está sendo cumprido pela polícia do Amazonas.

 Para ganhar liberdade a defesa de Marcelo Pinto alegou que o empresário estava preso há mais de 1 ano e 10 meses por força de mandado expedido pela da 4ª Vara Criminal da Justiça Federal, que já declinou da competência para a Justiça Estadual e há quase dois anos ainda não foi realizada a audiência de instrução e julgamento.

Fonte: Amazonas Atual