José Furtado Belém
Notícia do dia 29/08/2022
A tradição de Parintins na política regional é muito presente. Esse ano de 2022 tem novas eleições gerais e mergulhar um pouco na nossa história política é bem interessante. Afinal, desde 1820 a Ilha de Tupinambarana já aparece como umas das três cidades que desejava que o Amazonas fosse independente do Estado do Pará. Mas, essa é outra história.
Vamos tratar do senhor José Furtado Belém, que foi um dos representantes de Parintins na política estadual.
José Furtado Belém foi uma das personalidades marcantes na região depois da Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, para a Nova República no Brasil. Ele foi Superintendente de Parintins em 1883, o que na época seria a função de Prefeito da Cidade, na período da Monarquia no Brasil, onde eram Superintendentes e na Câmara de Vereadores os Intendentes. Depois José Furtado Belém virou deputado estadual já na República em 1910 e também vice-governador em 1911. Essa que foi a Primeira República como é classificada a 1ª fase entre 15 de novembro de 1889 à 24 de outubro de 1930.
José Furtado Belém foi coronel e pai de Júlio Furtado Belém e Gentil Augusto Belém que foram eleitos prefeitos de Parintins entre as décadas de 40 e 50. Além de Luiz Furtado Belém que foi vereador em Parintins e chegou a assumir como presidente em exercício da Câmara entre 1948 e 1949.
RESGATE DA VIDA POLÍTICA DA FAMÍLIA
Wallace Meirelles Pinheiro, professor mestre, economista e administrador, que é sobrinho-neto de outro grande político do Amazonas, Thomaz Antônio da Silva Meirelles, no artigo denominado “A FAMÍLIA MEIRELLES PINHEIRO EM HISTÓRIA”, relata esse importante feito de José Furtado. E apresenta a importância dos Meirelles, Furtado, Belém e Pinheiro na Região.
"O parintinense José Furtado Belém, é filho de Heloísa com Francisco Furtado Belém em seu primeiro casamento. Após enviuvar, Heloísa casou-se com seu cunhado, também, viúvo Joaquim José da Silva Meirelles, sendo que dessa união nasceu Joana Patrício de Meirelles. José Furtado foi o mediador amazonense de questões territoriais com o Estado do Pará e Superintendente de Parintins (equivalente a Prefeito) em 1893, Deputado Estadual e Vice-Governador em 1911. Bacharelou-se em direito em 1914 e em Parintins fundou os periódicos Tacape” e Parintins”, informa Wallace Meirelles.
Wallace tem ainda o artigo denominado "Fatos e história de um parintinense no levante político do Forte da Praia Vermelha, em 1935, no Rio de Janeiro” do ano de 2016. Tratando sobre a vida e atividade do Parintinense, o tenente Joaquim José da Silva Meirelles.
José Furtado Belém vice-governador do Amazonas
Após intensa pesquisa junto ao Tribunal Superior Eleitoral, Congresso Nacional, Senado Federal, Arquivos de Jornais da Época e Coleção de Jornais da Biblioteca Nacional, o jornalista Hudson Lima editor do site ParintinsAmazonas pode afirmar que o José Furtado Belém ganhou o cargo de vice-governador Amazonas, na eleição ocorrida em 12 de março de 1911. Ele foi eleito primeiro para o cargo de deputado estadual em 1910 e deveria ficar até 1912 na Assembleia estadual, que era no triênio (1910-1912). O Amazonas tinha média até 1905, de 7.449 eleitores, segundo o recenseamento de 31 de dezembro de 1900.
Teve a eleição, pois o então vice-governador, coronel Antônio Gonçalves Pereira de Sá Peixoto, foi deposto após perder o mandato. Naquela época eram votados na eleição o governador e o vice-governador.
Foram votar 6.862 eleitores em todo o Amazonas na eleição para decidir o novo vice-governador do Amazonas.
José Furtado Belém obteve 6.860 votos. O concorrente dele era o também coronel Joaquim Nunes de Lima que teve apenas dois votos, na urna na cidade de Canutamã.
Pelo resultado e parecer da Comissão Especial do Congresso dos Representes do Amazonas, de 1º de maio de 1911, José Furtado Belém conseguiu votos em todos os 26 municípios na época, segundo consta no Jornal Correio do Norte, edição 680, do dia 3 de maio de 1911, sendo que Manaus, 133 votos; Itacoatiara, 273; Silves, 210; Urucará, 162; Urucurituba, 133; Parintins, 372 votos; Barreirinha, 499 votos; Maués 209 votos; Borba, 152; Manicoré, 170; Humaythá, 199; Canutama, 461 votos; Labrea, 283; Floriano Peixoto, 350; Manacapuru, 231 votos; Codajaz, 216, Coary, 75; Teffe, 155; Fonte Boa, 208 votos; São Paulo de Olivença, 94; Benjamin Constant, 218; São Felippe, 413; Moura, 07; Barcellos, 105 votos; São Gabriel, 150; Boa Vista do Rio Branco, 151 votos.
O centenário Jornal do Comércio, de 08 de maio de 1911, registra que o Coronel Lima Bacury foi nomeado pela Mesa Diretoria, como Deputado Estadual, no lugar de José Furtado Belém, que agora era vice-governador. O impresso O ESTADO DO AMAZONAS de 1910, publicado no Almanak Laermmert: Administrativo, Mercantil e Industrial - 1891 a 1945, cita que o governador do Estado era o Coronel Antônio Clemente Bittencourt.
Infelizmente, nossa Cidade de Parintins carece de mais publicações para saber um pouco mais da história dos nossos políticos que ultrapassaram os limites eleitorais da Ilha de Tupinambarana e ganharam visibilidade no Amazonas.
O livro “História e Memória Política de Parintins” que tem volume I, II e III que vai de 1947 até 1988 é um bom registro da política local. Feito na gestão do ex-presidente da Câmara Juscelino Melo Manso no período de 2011 e 2012.
Infelizmente, os presidentes que o sucederam na Câmara: Rildo Maia; Everaldo Batista (já falecido); Maildson Fonseca; Telo Pinto e Mateus Assayag não conseguiram promover o prosseguimento ou condições para o Instituto Memorial de Parintins (IMPIN) fazer novas publicações. Quem sabe o próximo presidente na CMP o possa fazer.
Texto: Hudson Lima
(92) 991542015
Edição: Mayara Carneiro
Fotos: Arquivo Família Meirelles e Furtado Belém, Jornal do Commercio, ESTADO DO AMAZONAS, Almanak Laermmert: Administrativo, Mercantil e Industrial - 1891 a 1945.
