Câncer de cabeça e pescoço tem alto índice de mortalidade no Brasil; conheça os sintomas

Presença de caroço, feridas que não cicatrizam, dor de garganta persistente, dificuldade para engolir e alterações na voz são alguns dos sinais associados a esse tipo de câncer

Câncer de cabeça e pescoço tem alto índice de mortalidade no Brasil; conheça os sintomas Fatores de risco mais expressivos são o tabagismo e o consumo em excesso de álcool - Foto: NoSystem images/Getty Images Notícia do dia 27/07/2022

Os cânceres de cabeça e pescoço reúnem tumores que atingem a boca, faringe, laringe, nariz, pescoço e a tireoide. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 36 mil novos casos devem ser registrados no Brasil em 2022, incluindo estimativas sobre o câncer de tireoide que apresenta fatores associados à parte. O índice de mortalidade no Brasil é alto e pode ser associado principalmente ao diagnóstico tardio e início do tratamento em estágio avançado da doença.

 

Quando o diagnóstico é realizado na fase inicial, o paciente tem, em média, 80% de chances de sobreviver

 

Segundo o Inca, esses tipos de cânceres afetam principalmente homens acima de 40 anos, sendo mais comuns os de laringe e de cavidade oral (lábios, boca, glândulas salivares, orofaringe).

 

Os fatores de risco mais expressivos são o tabagismo e o consumo em excesso de álcool. O cigarro e a bebida alcoólica são responsáveis por 70% dos casos desse tipo de câncer. A infecção pelo HPV é outro fator de risco para esse tipo de câncer.

 

A campanha Julho Verde, com destaque para o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, celebrado nesta quarta-feira (27), promove a conscientização sobre o enfrentamento da doença. O mês é celebrado pelo Inca desde 2016 e conta com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da União Internacional para o Controle do Câncer.

 

“O cigarro e a bebida alcoólica são responsáveis por 70% dos casos dessa neoplasia. Por isso, a principal forma de prevenção é evitar o consumo de álcool e produtos do tabaco. Além disso, proteger os lábios do sol com o uso do protetor solar, é muito importante. Conhecer e ficar em alerta aos sinais e sintomas também faz toda diferença na detecção precoce da doença e, consequentemente, no melhor resultado do tratamento”, afirma a coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca, Liz Almeida.

 

Principais sintomas do câncer de cabeça e pescoço

 

O aparecimento de um caroço (ou nódulo), feridas que não cicatrizam, dor de garganta persistente, dificuldade para engolir e alterações na voz ou rouquidão são alguns dos sintomas associados ao câncer de cabeça e pescoço.

 

Os sinais, que também podem ter como causa outras condições clínicas, são um sinal de alerta quando duram mais do que 21 dias.

 

“Uma das recomendações para obter o diagnóstico precoce é consultar periodicamente um dentista, profissional que pode identificar lesões em estágios iniciais na cavidade oral”, diz o cirurgião Fernando Dias, chefe da Seção de Cabeça e Pescoço do Inca.

 

Diagnóstico precoce reduz riscos de complicações

 

O câncer de cabeça e pescoço tem alto índice de mortalidade no Brasil, principalmente devido ao início do tratamento em estágios avançados da doença. Segundo o Inca, em média, 76% dos casos são diagnosticados em estágio avançado.

 

A detecção precoce desse tipo de câncer pode alcançar até 90% de cura a partir do tratamento precoce, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP).

 

“É importante dizer que estes tipos de tumores são responsáveis por atingir cerca de três vezes mais os homens que as mulheres, especialmente os que têm mais de 55 anos”, diz William Nassib William Junior, diretor médico do Centro de Oncologia e Hematologia da Beneficência Portuguesa (BP) de São Paulo.

 

O diagnóstico é realizado a partir da biópsia, que consiste na retirada de uma amostra do tecido no local da lesão, ou extraído através de punção lombar, com a ajuda de exames de imagem. “Após a confirmação do câncer é necessário a realização de exames complementares para saber, por exemplo, qual o estágio da doença ou se ele já se espalhou para outras áreas”, afirma William.

 

No início da doença, o tumor se caracteriza por seu tamanho pequeno e restrito apenas ao local onde se manifestou. Já nos casos localmente avançados, o câncer se apresenta em tamanho maior, com acometimento de gânglios do pescoço, estruturas que funcionam como filtros para substâncias nocivas no organismo. Já na fase mais avançada, conhecida como metástase, o tumor pode se espalhar para órgãos mais distantes como pulmão e ossos, por exemplo.

 

Tabagismo é um fator de risco associado ao câncer de cabeça e pescoço / Foto: Rapeepong Puttakumwong/Getty Images

 

Tratamento

 

O tratamento do câncer de cabeça e pescoço pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia ou uma combinação de tratamentos.

 

A definição do plano de tratamento é realizada pela equipe médica, de maneira individualizada, considerando fatores como a localização do tumor, o estágio do câncer, a idade e a saúde geral de cada paciente.

 

“Em muitos casos, é necessário a realização de cirurgia e radioterapia. Já em outras oportunidades é preciso a combinação de radioterapia com quimioterapia e, mais recentemente, a imunoterapia. Em situações mais extremas, optamos pelos três tratamentos de forma sequencial ou simultânea”, explica William.

 

Prevenção

 

A adoção de hábitos saudáveis, como evitar o fumo e o consumo de álcool, contribui para prevenir o câncer de cabeça e pescoço. Segundo o Inca, fumantes têm cinco vezes mais chances de desenvolver câncer de cabeça e pescoço. Quando associado ao consumo de álcool, esse índice sobe para dez vezes.

 

“A prevenção passa pela mudança de hábitos nocivos, que são comprovadamente fatores de risco para esses tipos de tumores: tabagismo e consumo de álcool. Outro fator de risco é a infecção pelo vírus HPV e a prática de sexo oral sem o uso de preservativos. É preciso ampliar as possibilidades de diagnóstico precoce e trabalhar a linha de cuidado para um melhor aproveitamento do sistema”, afirma a diretora-geral do Inca, Ana Cristina Pinho.

 

 

 

Por Lucas Rocha, da CNN