Papa Francisco corre risco de morte, afirma o teólogo Leonardo Boff

"Eu acho que ele corre risco, por isso toda hora ele pede que rezem por ele. E ele já comentou com alguns amigos que ele come na casa de hóspedes porque ele diz : assim é mais difícil me envenenarem!", solta Boff. "Ele diz com humor, mas é verdade: deixei

Papa Francisco corre risco de morte, afirma o teólogo Leonardo Boff O teólogo Leonardo Boff é entrevistado por Roberto D'Ávila Notícia do dia 24/03/2015

"Crimes e roubos no Banco do Vaticano onde cardeais se mancomunaram com a Máfia" foram alguns dos sérios motivos que levaram à renúncia do Papa Bento 16, segundo o polêmico teólogo Leonardo Boff, 76, entrevistado do "Roberto D'Ávila" (GloboNews) neste domingo (22).

Ainda segundo Boff, o Papa Bento 16 não se sentia com força nem física, nem espiritual para enfrentar uma situação dessas e então renunciou. Mas ainda tinha coisa pior: "Pesava uma ameaça de morte sobre ele", afirma categoricamente o teólogo. E acrescenta: "Ele soube disso, porque no Vaticano há uma tradição de envenenar 'papas' —e quando se mancomunam com a Máfia, é muito perigoso!", afirma Boff. Benza Deus!

"Você acha que esse papa (o atual Papa Francisco) corre riscos?", questionou D'Ávila. "Eu acho que ele corre risco, por isso toda hora ele pede que rezem por ele. E ele já comentou com alguns amigos que ele come na casa de hóspedes porque ele diz : assim é mais difícil me envenenarem!", solta Boff. "Ele diz com humor, mas é verdade: deixei o palácio e vim para a casa de hóspedes, assim é mais difícil de me cercearem e de acabarem comigo", repete as palavras do Papa Francisco.

"Ele pessoalmente me pediu, a mim e a outros grupos, que criássemos uma articulação mundial de leigos, intelectuais – pessoas da sociedade, não importa se são cristãos ou não, de apoio a ele, porque a oposição interna é muito grande", conta Boff.

E argumenta: "Porque se trata de desmontar uma velha instituição (Igreja Católica) que tem mais de dois mil anos, com seus hábitos internos, seus interesses, suas manhas e ele [Francisco] nisso é jesuíta rígido, tem a racionalidade moderna e no trato é franciscano: extremamente afável, cuidadoso, acolhe todo o mundo. Então é uma combinação feliz. Mas agora ele está interferindo no curso da cúria romana e vai fazer as transformações", garante o doutor em Teologia pela Universidade de Munique (Alemanha).

Roberto pergunta-lhe então sobre a violência, a intolerância e os atuais embates das civilizações em geral. "Eu acho que hoje todas as religiões estão um pouco doentes", responde Boff. O teólogo se refere tanto aos setores da Igreja Católica quanto das Evangélicas e, especialmente, da muçulmana quando o foco é o fundamentalismo.

"O fundamentalismo finalmente diz que a minha verdade é a única verdadeira e o erro não tem lugar, tem que ser combatido", explica Boff. "Então as pessoas fazem guerra, desmoralizam os outros e eu creio que a violência muçulmana é mais reação do que ação", afirma.

"Na perspectiva deles, que foram invadidos, destruídos – no Iraque, no Afeganistão, a velha Cruzada ocidental continua, acabando com as culturas deles. Se lá houvesse somente plantação de laranjas, figos e tâmaras, ninguém faria a guerra. Mas lá tem o petróleo! E eles nunca são consultados sobre os rumos do mundo, são absolutamente explorados", conclui.

"Só que agora se criou um fanatismo que tem que ser combatido de alguma forma, não é?", observa D'Ávila. "Eu acho, Roberto, que quando cessa o diálogo, você não sabe o que o outro pensa. Você projeta sombras, maldade... E aí vem um confronto: atos de terrorismo, assassinatos. E também da parte do Ocidente muita violência! Eu acho que nós chegamos a um certo limite em que entra em jogo o sentido de Humanidade", desabafa Boff.

E lembra uma citação do Papa Francisco: "Devemos fazer uma intervenção não de um país, mas uma coligação de países em nome de uma Humanidade mínima para salvar inocentes: idosos, crianças e outros que tenham outra crença religiosa", declara Leonardo.

Sobre os problemas do meio ambiente, o apresentador coloca a seguinte questão: "Se não houver uma reeducação, em termos internacionais até, o homem caminha para momentos difíceis, não é?". "Não só difíceis, Roberto, nós podemos ir ao encontro de um abismo sem retorno. Porque o paradigma moderno é o da conquista. Conquistar e dominar a Natureza. E a Terra não aguenta um projeto de crescimento infinito – porque ela é finita. Então nós temos que mudar de rumo, senão nós vamos ao encontro do pior!", avisa o teólogo Leonardo Boff.

Para encerrar Boff apela: "Nós temos que fazer o elogio da razão sensível e cordial. Resgatá-la e fazer as pessoas sentirem o outro. A crítica maior que o Papa Francisco faz à cultura moderna é que ela é cruel e sem piedade, ela não sabe chorar junto daqueles que choram. Isso está dentro do ser humano", assegura o também escritor.

"Então nós temos que desentranhar essa dimensão para que as pessoas amem mais a vida do que o lucro, sejam mais sensíveis do que efetivas em seu trabalho – se houver essa virada nós vamos ter uma 'bio-civilização', uma 'terra da boa esperança' – e grandes nomes afirmam que o primeiro lugar onde pode ser ensaiado isso é o Brasil! Nós temos essa responsabilidade de ajudar a Humanidade a fazer essa travessia rumo a um mundo mais simples e melhor!", conclui Leonardo Boff.//// Por  Renato Kramer