Mourão compara Putin a Hitler, defende apoio à Ucrânia e uso da força contra a Rússia: 'Sanção econômica não funciona'

'A gente tem que olhar sempre a História. Ora, ela se repete como farsa, ora como tragédia. Neste caso, está se repetindo como tragédia', afirma o vice-presidente, citando Marx

Mourão compara Putin a Hitler, defende apoio à Ucrânia e uso da força contra a Rússia: 'Sanção econômica não funciona' vice-presidente Hamilton Mourão Notícia do dia 24/02/2022

BRASÍLIA —  O vice-presidente Hamilton Mourão criticou o ataque da Rússia à Ucrânia e comparou o presidente russo, Vladimir Putin, ao líder da Alemanha nazista, Adolf Hitler. Mourão disse que apenas sanções econômicas contra a Rússia não são suficientes, sendo necessário também o uso da força. Segundo ele, se não for feito nada, outros países da região poderão ser invadidos depois pelos russos.

— Tem que haver o uso da força, realmente um apoio à Ucrânia, mais do que está sendo colocado. Essa é a minha visão. Se o mundo ocidental pura e simplesmente deixar que a Ucrânia caia por terra, o próximo será a Bulgária, depois os Estados bálticos, e assim sucessivamente, assim como a Alemanha hitlerista fez nos anos 30 — afirmou Mourão em rápida entrevista à imprensa ao chegar ao Palácio do Planalto.

Ele afirmou que o mundo está como em 1938. Foi uma referência às concessões feitas a Hitler, que ocupou parte do território da Tchecoslováquia. Na época, França e Reino Unido concordaram com isso na esperança de evitar uma guerra. Mas o que ocorreu foi que, em 1939, a Alemanha invadiu a Polônia, dando início à Segunda Guerra Mundial, que terminou apenas em 1945.

— O mundo ocidental está igual ficou em 1938 com Hitler, na base do apaziguamento. Putin não respeita o apaziguamento. Essa é a realidade. Se não houver uma ação bem significativa... E na minha visão, meras sanções econômicas, que é uma forma intermediária de intervenção, não funcionam. Vamos lembrar que o Iraque passou mais de 20 anos com sanções econômicas. Nada mudou. O Irã está há não sei quanto tempo com sanção econômica. Também nada mudou — disse o vice-presidente

Mourão ainda afirmou:

— O sistema internacional pode ser rachado, abalado, e nós vamos voltar ao tempo das cavernas. Cada uma faz o que quer e bem entende. Não há respeito entre os povos, às nações. O conceito de soberania se dissolve a partir do momento em que um Estado mais forte julga que pode meter a mão no Estado mais fraco e continuar tudo como dantes."

Ele até citou uma frase famosa de Karl Marx para comentar a situação:

— A gente tem que olhar sempre a História. Ora, ela se repete como farsa, ora como tragédia. Neste caso, está se repetindo como tragédia.

Rememorou também o imperialismo russo, inclusive durante o período da União Soviética, ao dominar outros povos vizinhos, avaliando que a Rússia está exercendo novamente esse papel.

Na semana passada, já em meio ao temor de uma invasão, o presidente Jair Bolsonaro visitou a Rússia. Na época, o governo russo ensaiou um recuo, o qual foi visto com descrédito pelos Estados Unidos e aliados. Mesmo assim, por mais de uma vez, Bolsonaro sugeriu que sua passagem pela Rússia tinha ajudado a distensionar o clima. Bolsonaro também afirmou que Putin era alguém que buscava a paz. Questionado se o presidente estava errado, Mourão disse que não comentaria as palavras dele. Perguntado se estava mal assessorada, respondeu não saber, uma vez que não estava na viagem.

 

 

FONTE: O GLOBO Acesse aqui