Carlos Frazão O parintinense que um dia foi carioca (Por Peta Cid)

Ele ressalta  a criatividade dos artistas da terra, o ritmo contagiante do boi-bumbá, a paixão, a religiosidade do povo e a fé à padroeira. 

Carlos Frazão O parintinense que um dia foi carioca (Por Peta Cid) Carlos Frazao (15/11/1949 até 07/01/2022) Notícia do dia 08/01/2022

Ele trocou o Rio de Janeiro por Parintins, ou melhor, a Viradouro vermelhíssima pelo azul do Caprichoso. Carlos Alberto Frazão, 50, incorporou um parintinense ferrenho e hoje já pode ser tratado como  sinônimo de adoração pelo boi Caprichoso.

Morando a um ano e meio em Parintins, Frazão adotou até mesmo o fanatismo do povo da Ilha.  Eu adoro esse boi, comenta ele, enquanto sai mostrando todos os detalhes da casa decorada em azul e branco e uma infinidade de fotografias do bumbá. Na fachada, não poderia faltar a logomarca oficial do boi e umas dezenas de bandeirolas que enfeitam a varanda. 
A história de amor e paixão com o Caprichoso começou 1997, quando os bumbás foram ao Rio de Janeiro para uma apresentação especial. Frazão era um dos diretores da escola de samba Viradouro e foi quem recebeu a comitiva parintinense. Apesar de sua identificação com o vermelho da escola, foi amor à primeira vista pelo azul do Caprichoso. A partir desse encontro, Frazão decidiu vir conhecer a festa em Parintins e acabou enfeitiçado pela cidade. 
Ele conta que nunca viveu tanta ansiedade, como nos dois anos em que aguardou a sua aposentadoria no Rio de Janeiro. Tão logo isso foi possível, Frazão vendeu casa, carro, movéis,  bens que possuía e  arrumou as malas para Parintins. 
Hoje, ele leva uma vida tranqüila na casa que alugou na avenida Amazonas, onde mora  com sua mãe, é professor da escola Brandão de Amorim e diretor do Jornal da Ilha, editado quizenalmente.  Eu fiz a minha escolha e estou feliz porque adoro essa cidade, revela. Difícil é ver Frazão com roupas que são sejam da cor azul.  Ah , isso é verdade. Não tenho camisa de outra cor, diz ele, admitindo que  mandou confeccionar  camisas azuis da Viradouro só para não ter que usar vemelho em Parintins. Lá no Rio tudo bem, mas aqui, tem que ser azul. A Coca-cola não mudou? Porque eu não?, questionou. 
Frazão é a simpatia em pessoa. Sempre de alto astral, ele é capaz de qualquer coisa para estar presente em todos os eventos que o boi realiza. Também diz que tem admiração pelo boi Garantido, mas não vai no curral do Contrário. 
 Fui só uma vez, mas tenho muitos amigos no Garantido, afirma. 
Frazão fala com emoção sobre a festa, destacando que Parintins tem algo mágico que encanta as pessoas. Ele, por exemplo, não pensou duas vezes em trocar a agitação do Rio de Janeiro, pela vida pacata da Ilha Tupinambarana. 
Ele ressalta  a criatividade dos artistas da terra, o ritmo contagiante do boi-bumbá, a paixão, a religiosidade do povo e a fé à padroeira. 
Para explicar essa sua mudança de vida inesperada, ele  admite que bebeu água do Macurany e por isso veio para ficar. 
Para este festival, o torcedor azul diz que suas expectativas são muito boas e ele acredita que a cidade deve receber um grande público. 
Com uma página na Internet falando de Parintins, ele revela que recebe e-mails de vários estados do Brasil e até do exterior. Segundo ele, todos querem saber informações sobre a cidade e o Festival dos bumbás.  Eu vou continuar informando, divulgando Parintins porque também aprendi a amar essa terra,  finaliza.

Texto: Jornalista Peta Cid 
(feito e publicado em 15.06.2001 para o Jornal Impresso O Jornal da Ilha, de Carlos FRAZAO. Frazao infelizmente morreu no dia 07 de janeiro de 2022).