Invasores tomam conta de área de 900 metros na Vila Amazônia, em Parintins

O presidente do Conselho dos Assentados da Gleba de Vila Amazônia, Raimundo Rocha, também negou participação do movimento na ocupação. “Nosso papel é colaborar quando há conflito. Essa ocupação é espontânea”, disse.

Invasores tomam conta de área de 900 metros na Vila Amazônia, em Parintins Notícia do dia 19/03/2015

Cerca de setenta famílias invadiram uma área próxima à Escola Tsukasa Uyetsuka, na Vila Amazônia, e pedem desapropriação para construção de moradias. O grupo iniciou o movimento na última segunda-feira e de acordo com informações de agentes Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e profissionais do educandário ná derrubaram diversas árvores de castanheiras no local.

 Os invasores adentraram um grande terreno à beira da estrada de aproximadamente 900 metros e fizeram lotes de 15mx30m nos dois lados da pista. A área frontal dos terrenos é desmatada e a divisão é sinalizada por pequenas estacas.

 Desempregado, Augusto Cesar Carvalho, 33, informa que o movimento não tem liderança e “é cada um por si”. Segundo ele, “um foi avisando o outro”. Augusto conta que mora numa área, periodicamente, alagada e busca um lugar melhor para viver. Ele questiona a ausência do Incra no município, que poderia resolver o problema dele e de milhares de pessoas.

Mário Jorge da Cruz, 39, é vendedor de peixe e diz que mora nos fundos do terreno do irmão. “Eu tô aqui por necessidade”, afirma. Ele faz parte de um grupo de pessoas que já tem família, mas mora com a mãe, irmão ou algum outro parente. A grande maioria dos ocupantes mora na sede da Vila Amazônia, outros são de demais comunidades da Gleba. Porém, dentro do grupo da invasão existem pessoas que residem na cidade de Parintins.

 A presidente da Associação dos Moradores, Júlia Cursino, afirma que a entidade não tem qualquer tipo de envolvimento com a invasão e não soube informar como se deu a organização, mas acha que pode ter questão política envolvida no caso. O presidente do Conselho dos Assentados da Gleba de Vila Amazônia, Raimundo Rocha, também negou participação do movimento na ocupação. “Nosso papel é colaborar quando há conflito. Essa ocupação é espontânea”, disse. Para ele, o Incra não tem controle em Parintins já que não possui sede no município e a fiscalização se torna difícil.

 De acordo com o gestor da Tsukasa Uyetsuka, Manoel Sebastião Soares, o terreno invadido pertence ao educandário, que antes era uma escola agrícola e abrange uma área de 376 hectares. Ele manteve contato com a Secretaria Municipal de Educação de Parintins (Semed), porém a titular da pasta, Eliane Melo, está em Manaus. O gestor formalizou um documento comunicando o fato e aguarda resposta.

 Até o fim da tarde desta terça-feira, 17, o movimento de ocupação seguia sem qualquer registro de violência ou desordem. A polícia compareceu ao local, mas não precisou efetuar nenhuma ação coercitiva. A invasão segue em tranquilidade e nenhuma pessoa ou entidade reclamou direito de posse da terra. //Fonte: Fato Amazônico-  Por Eldiney Alcântara - Parintins  /Fotos: Igor de Souza