Cartunista Nani morre aos 70 anos vítima da Covid-19

Ernani Diniz Lucas, o Nani, estava internado em Belo Horizonte havia uma semana; ao longo da carreira, trabalhou ao lado de Chico Anysio por 20 anos e foi chargista do GLOBO

Cartunista Nani morre aos 70 anos vítima da Covid-19 O cartunista Nani Foto: Reprodução/G1/Acervo Pessoal Notícia do dia 09/10/2021

cartunista Nani, criador da tira Vereda Tropical, morreu nesta sexta-feira (8), em Belo Horizonte, segundo informações do G1. Aos 70 anos, ele foi vítima da Covid-19.

Ernani Diniz Lucas nasceu em 27 de fevereiro de 1951 na cidade de Esmeraldas, na Região Metropolitana da capital mineira. Ainda segundo o G1, ele estava fazendo isolamento em sua cidade natal desde o início do ano, quando se mudou do Rio de Janeiro.

De acordo com a família, Nani estava internado havia uma semana, após o diagnóstico da Covid-19. Ele fazia parte do grupo de risco da doença, pois chegou a passar por três transplantes de fígado em apenas um mês, em 2004, algo até então inédito na medicina brasileira.

Ainda não há informações sobre enterro e velório. Ele deixa dois filhos, Juliano e Danilo, uma neta, a Manuela, e a mulher, Inez.

'Precisamos do humor'

Conhecido em todo o país pelo apelido, Nani começou a carreira em Belo Horizonte, aos 20 anos, publicando charges no jornal "O Diário". Mas desde muito cedo já desenhava. Leitor de revistas de humor desde a infância, Nani "teve um estalo" aos 13 anos, quando fez seu primeiro cartun.

O cartunista Nanin em lançamento de livro em 1991 Foto: Marcos Ramos / Acervo O Globo (05-07-1991)
O cartunista Nanin em lançamento de livro em 1991 Foto: Marcos Ramos / Acervo O Globo (05-07-1991)

"Um desenho muito ruim de dois piratas com ganchos, um dizia para o outro: 'conheço essa região como a palma da minha mão'. A partir daí, eu desenhava freneticamente nas horas vagas, bolando cerca de quarenta cartuns por dia", contou Nani em uma entrevista concedida em 2008 à L&MP Editores. Seguiu desenhando sob a influência do Millôr, Carlos Estevão e do Henfil até conseguir seu primeiro emprego na capital mineira.

Em 1973, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde colaborou com "O Pasquim". Ali, junto com seis outros artistas, criou "O Pingente". Foi também chargistas do GLOBO, colaborou para edição brasileira da revista "Mad", no "Jornal dos Sports", "Última Hora", "Diário de Notícias", "O Dia" e na "Tribuna da Imprensa".

— O Nani foi um mestre. Sua capacidade de produção era espantosa, um chargista prolífico como nunca vi, além de grande redator. Sentirei falta de sua conversa de fala mansa e seus desenhos extraordinariamente engraçados — disse o cartunista e escritor André Dahmer.