Naufrágio do Barco Almirante Sergimar completou 16 anos 

A representante comercial Ruth Eleuterio, no dia 29 de setembro de 2021, quando a tragédia do  Barco Almirante Sergimar, completou 16 anos, fez um texto emocionante. Ruth perdeu a mãe, dona Ialita Eleotério Coelho, que na época tinha 50 anos e também o irmão, Thiago Eleotério Coelho de apenas 7 anos.  O corpo de Ialita e de Thiago, jamais foram encontrados. 

Naufrágio do Barco Almirante Sergimar completou 16 anos  Acidente foi na noite de 29 de setembro de 2005 Notícia do dia 01/10/2021

O dia 29 de setembro de 2021, foi mais um dia de saudade, emoção e revolta de dezenas de famílias de Parintins e outros lugares. Nesta data, completou exatos 16 anos do Naufrágio do Barco Motor Almirante Sergimar. A embarcação colidiu  com um comboio de balsas da empresa Xibatão Chibatão Navegação e Comércio Ltda. 

A tragédia deixou 17 pessoas a óbito, sete  oficialmente desaparecidas, passageiros com traumatismos diversos e 43 sobreviventes. Mas os números de desaparecidos nunca saberemos, pois a lista oficial de passageiros não existe em lugar nenhum. O barco deixou a cidade sem apresentar a lista oficial na Capitania dos Portos. 

Foi a primeira e única viagem do Almirante Sergimar que saiu do Porto de Parintins por volta do meio dia, daquela trágica quinta-feira, dia 29 de setembro de 2005. O acidente ocorreu por volta das 20H30min, nas proximidades da Ilha das Garças, Comunidade Boca das Garças, território da cidade de Urucurituba. O barco Almirante Sergimar,  pertencia ao empresário Rossynaldo Luiz Costa Rossy, que estava na viagem e perdeu a esposa grávida na tragédia. A jovem morreu dentro do camarote. 

Passados 16 anos da maior tragédia, de uma embarcação, saída do Porto de Parintins, até hoje existem controvérsias de quem estava na responsabilidade do leme do barco. E mais ainda a falta de assistência econômica para as famílias que perderam parentes e passageiros que sofreram sequelas no acidente. A Balsa esmagou e passou por cima do barco e passageiros. 

 

Indiciados 

 

Pelo inquérito, datado em  07 de outubro de 2005, foram indiciados o Sr. Hélio de Nazareth Pinto, Comandante do Empurrador Jean Filho LII e do comboio de balsas, o Sr. Raimundo Marques Gonçalves, Comandante da Embarcação naufragada Almirante Sergimar, e o Sr. Augustinho Nunes da Silva, prático da embarcação Almirante Sergimar. (Acesse aqui) 

 

Anjos humanos 

 

O número de morte só não foi maior, graças ao heroismo de alguns passageiros como Deilson Jacaúna conhecido professor Paquita de Capoeira e o comerciante Gleydson Roberto  Paulain que ajudaram vários sobrevivente instantes após o acidente. E também um pescador, até hoje desconhecido, que segundo as vítimas sobreviventes foi o primeiro a cegar ao local e mesmo na pequena canoa, tiravam  três pessoas do rio e levava até a margem. Uma hora depois do acidente, que ocorreu por volta das 20h30min, apareceu os senhores Mário e José Francisco da Silva Corrêa, que com o barco Atlas chegaram até o local e resgataram mais de 30 sobreviventes do rio. 

 

A colisão 

Segundo a investigação da Polícia Civil, que começo em outubro de 2005, o comboio  formado pelo Jean Filho LII, com as Balsas Giovanna III e Isabele XXIII, estava navegando subindo o rio na margem direita, enquanto que o B/M Almirante Sergimar navegava no mesmo sentido. Durante o trajeto, o barco tentava ultrapassar o comboio de balsas através de boreste (lado direito do comboio). "O B/M Almirante Sergimar, por duas vezes, tenta ultrapassar o comboio, sem sucesso. De acordo com depoimentos dos tripulantes e caminhoneiros que estavam a bordo do comboio, o barco foi alertado por meio de holofote e lanternas para o risco de sua manobra. Entretanto, a embarcação chegou a ficar próximo do comboio a uma distância inferior a 10 metros, tentando a ultrapassagem e navegando em zigue zague, segundo depoimentos das testemunhas. Depois se posicionou a cerca de 40 metros de distância, ficando nessa posição por alguns minutos”, diz trecho do inquérito. 

 

Sergimar foi para cima da Balsa e não o contrário, diz Inquérito  

 

Os autos do Inquérito Administrativo, instaurado pela portaria n°292, de 30 de setembro de 2005, da CFAOC, através de perícia, informam que na tentativa de ultrapassar o comboio de balsas, o barco Almirante Sergimar é quem foi para “cima"das balsas e não o contrário.  "Quando a embarcação Almirante Sergimar realizou a guinada para o bombordo, lado esquerdo, buscando se posicionar a frente do comboio e mais próximo da margem direita do rio, onde a velocidade da corrente é menor, os fatores citados na figura de nº 5 exerceram influência em todo o seu costado de boreste (lado direito), fazendo com que a mesma sofresse o maior arrasto, uma maior resistência ao seu deslocamento, resultando na redução de sua velocidade, no sentido do avanço do comboio e um caimento em direção à bochecha de boreste do comboio. Tal fato pode ter deixado a impressão, para quem estava a bordo da embarcação Almirante Sergimar, de que o comboio havia aumentado a velocidade, e guinado em direção ao Sergimar. Mas, na verdade, foi o barco que passou a navegar com menos velocidade, sendo projetado em direção ao comboio. O resultado foi a colisão do bico de proa, do lado direito da balsa Isabele XXIII, com a alheta esquerda, parte de trás do barco Almirante Sergirmar”, diz o relatório. 

 

Saudade eterna  

Além dos diversos traumas físicos e psicológicos provocado nos sobreviventes. Existe a saudade eterna de quem perdeu algum parente nessa viagem. Orival Amaral Santarém, junto com o irmão Orivaldo, eram vendedores ambulantes de confecções e toalhas de banho. Orivaldo, morava na rua Barreirinha, no Bairro de Palmares. Ele que foi uma das vítimas fatais, estava no barco, pois precisava ir até Manaus, comprar mais produtos para a revenda. 

O corpo do pequeno Davi Albuquerque, de apenas quatro anos de idade, foi encontrado dias depois do acidente, num barranco no rio Amazonas. José Saúde, que estava com a esposa Val, na viagem, está entre os desaparecido na tragédia. Ela sobreviveu de forma milagrosa. 

A representante comercial Ruth Eleuterio, no dia 29 de setembro de 2021, quando a tragédia do  Barco Almirante Sergimar, completou 16 anos, fez um texto emocionante. Ruth perdeu a mãe, dona Ialita Eleotério Coelho, que na época tinha 50 anos e também o irmão, Thiago Eleotério Coelho de apenas 7 anos.  O corpo de Ialita e de Thiago, jamais foram encontrados. 

"Minha mãe... meu irmão caçula...  Eu passei anos e anos sem dormir direito imaginando quando voltariam, esperando voltarem, mas nada... Nem um corpo, nem um vestígio e depois até a esperança foi embora junto. Acho que viver anos e anos numa incerteza ainda é mais triste do que ter dois corpos pra velar! Imaginar a dor deles, ler relatos e relatos desse tipo dói muito. Ler todos os autos do processo, saber que não houve justiça, esperar cada um dos corpos que chegaram ao IML e não reconhecer nenhum como mãe e irmão, mas ainda assim saber de quem são, é terrível. Que Deus um dia me devolva a paz. Sorrir é fácil, fingir é fácil, assim como julgar os outros também. Mas não queiram nunca viver o que meu pai, meus irmãos e eu vivemos porque dói demais”, escreveu a  representante comercial. 

 

Livro Reportagem sobre a Tragédia do Almirante Sergimar 

 

 

A colisão entre o comboio de balsas e o barco morto Almirante Sergimar, ocorrido em 29 de setembro de 2005, que deixou 17 mortos, sete desaparecidos e 43 sobreviventes foi tema do livro reportagem "A bordo de um pesadelo: ditos e não ditos do maior naufrágio do Baixo Amazonas”, dos acadêmicos de Jornalismo da Universidade Federal o Amazonas - UFAM. O livro reportagem foi apresentado em 2016, quando a tragédia completou 11 anos. 

Você pode acessar aqui neste link e veja LIVRO REPORTAGEM 

 

Texto: Hudson Lima 

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