20 anos do atentado do 11 de setembro

Ao ver o registro, alguns taxistas que estavam no seu cangote disseram “meu Deus, o que acaba de acontecer?”, ele lembra.

20 anos do atentado do 11 de setembro As Torres Gêmeas em chamas logo após os aviões sequestrados se chocarem contra elas - Spencer Platt -11.set.2001/Gettty Images Notícia do dia 11/09/2021
SÃO PAULO: Quando saiu de seu apartamento na manhã de 11 de setembro de 2001, Spencer Platt ouviu o barulho avassalador de helicópteros e viu fumaça saindo de alguns prédios. Ele havia estado na festa de aniversário de um amigo na noite anterior e não pensava em deixar sua casa naquele dia, mas sua namorada e um boletim de rádio com a notícia de que um avião tinha atingido a torre norte do World Trade Center o convenceram a pegar uma câmera, duas lentes e ir para a rua.

Ao chegar à base da ponte do Brooklyn —que liga a região de Dumbo, no distrito do outro lado do rio, ao sul da ilha de Manhattan—, ele se deparou com um grupo de taxistas reunidos, apontando e olhando para cima. “Ali eu pude ver o que estava realmente acontecendo. Eu falava com eles enquanto fotografava. Por pura sorte, eu tinha mirado minha câmera para cima e estava tirando mais algumas fotos quando o segundo avião veio e se chocou contra a torre sul”, ele conta, em entrevista por Zoom, de Nova York.

As Torres Gêmeas em chamas logo após os aviões sequestrados se chocarem contra elas - Spencer Platt -11.set.2001/Gettty Images

Sua fotografia, na qual se veem as porções superiores das Torres Gêmeas cobertas por imensas bolas de fogo e de fumaça negra, é provavelmente a imagem mais conhecida dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 —à época, a imagem foi reproduzida na imprensa do mundo inteiro, inclusive na primeira página deste jornal.

Logo que bateu a foto, Platt baixou a câmera para conferir o resultado no visor LCD de seu equipamento digital primitivo. Ao ver o registro, alguns taxistas que estavam no seu cangote disseram “meu Deus, o que acaba de acontecer?”, ele lembra.

Hoje fotojornalista da agência Getty Images, Platt tinha 20 e poucos anos no 11 de Setembro e conta que à época era um tanto ingênuo e não esperava fortes emoções na vida profissional. Mas isso não se devia necessariamente ao seu temperamento. Na virada do século, dividia a impressão com seus colegas de profissão de que eles haviam sido privados de registrar os grandes fatos históricos das décadas anteriores, como a Segunda Guerra, a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos e a Guerra do Vietnã.

 

“Pensávamos que não nos restaria nada para fazer, que cobriríamos pequenos eventos, de menor importância. Era assim que eu me sentia naquela manhã. É claro que você não quer que eventos terríveis se repitam, mas você tinha um senso de inveja e ciúmes dos colegas mais velhos”, conta, dizendo que chegou a conhecer um jornalista da cidade onde cresceu que havia coberto a Segunda Guerra e listando como influências o romancista Ernst Hemingway —que trabalhou como motorista de ambulância na Primeira Guerra— e o fotojornalista Robert Capa.

 
 

Com sua câmera Leica a tiracolo, o húngaro cobriu os conflitos mais importantes da primeira metade do século 20. É de sua autoria, por exemplo, a fotografia definitiva dos momentos finais da Segunda Guerra, a do desembarque dos soldados aliados numa praia da Normandia, muito conhecida e reproduzida.

Meio século mais tarde, Platt também fez uma imagem que entrou para a memória visual de uma geração, abrindo imageticamente o século 21. Como ele encara hoje, 20 anos depois, sua fotografia das Torres Gêmeas em chamas?

 

ACESSE AQUI A MATÉRIA COMPLETA DA FOLHA DE SÃO PAULO