‘Babilônia’ estreia com fôlego instigado por duelo feminino

Ah, sim, até para frear essa torcida do beija-não-beija, as duas já trocaram mais que um selinho nesse capítulo inicial. Também não chegou a ser “chupão”, só para usar aqui um termo citado por Gilberto Braga

‘Babilônia’ estreia com fôlego instigado por duelo feminino Companheira de Estela, Tereza, papel de Fernanda Montenegro Notícia do dia 17/03/2015

A Beatriz de Glória Pires é uma peste, e só a mãe, Estela, na voz de Nathália Timberg, não se dá conta disso.

Aliás, para ser uma peste, Beatriz teria de nascer de novo. Enquadra-se em uma categoria sem classificação. Seduz o motorista do ricaço, aproxima-se da mulher dele, moribunda em coma, finge ser amiga, seduz o viúvo e mata quem a chantageia.

Estamos só no primeiro capítulo.

E nem falamos ainda do melhor, que está por vir: Adriana Esteves, a medíocre Inês, invejosa, recalcada, gente que quer brincar de bandido, mas nem isso consegue fazer bem.

Glória Pires é quem guia a história, puxa todo o fio da meada que vem aí pelos próximos seis meses, mas é Adriana Esteves quem engole a cena.

Assim é Babilônia, nova novela das 9 da Globo, de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga.

A doçura de Camila Pitanga, representante da honestidade no enredo, é peça chave para que o espectador se valha de mais indignação diante da dupla do mal. Em uma única personagem, os autores pincelaram o drama do transporte público, da saúde e da educação no Brasil. Regina, batismo de Camila na ficção, é uma escada para aumentar o brilho de Adriana e Glória, mas não se conforma com a condição de mocinha inútil, à medida que serve de porta-voz para as queixas da maioria da população da vida real.

Perto de Beatriz, Maria de Fátima Acioli e Rachel, duas das malvadas já defendidas por Glória Pires, são a madre Teresa.

Perto de Carminha, Inês é uma pobre coitada, incompetente até para fazer o mal.

Companheira de Estela, Tereza, papel de Fernanda Montenegro, tenta carinhosamente prevenir a outra de que Beatriz é assim, digamos, um pouco ambiciosa. Mas sabe que a enteada é boa bisca.

A edição é ágil, a narrativa não joga diálogos fora – o que pode até acontecer no decorrer da novela, mas não num capítulo de apresentação do enredo – e a direção de Dennis Carvalho é precisa, até quando uma câmera persegue Fernanda e Nathália de costas, no quarto.

Ah, sim, até para frear essa torcida do beija-não-beija, as duas já trocaram mais que um selinho nesse capítulo inicial. Também não chegou a ser “chupão”, só para usar aqui um termo citado por Gilberto Braga.

Boas frases no capítulo 1: 

* “Os outros engenheiros com certeza fazem caixa 2. Todo mundo faz” – Inês para o marido, Homero (Tuca Andrada)

* “Só para os muito ricos existe Justiça neste país” – Idem

* “Que ano pode ser bom se começa brindando com Cidra?” – Idem

* Você deve ser a única carioca que não sabe que ‘passa lá em casa’ é sinônimo de ‘nunca’!” – Beatriz para Inês

* “Ele tem os problemas que todo empregado tem. Hoje mesmo inventou que a mulher tava doente e faltou ao trabalho” – Evandro (Cássio Gabus) para Beatriz. 

Só para registrar: a Globo bancou 49 minutos de novela sem intervalo comercial. Foi o primeiro bloco, que foi das 21h19 às 22h08. O capítulo acabou às 22h48, totalizando quase 1h30 de novela./// CRISTINA PADIGLIONE Estadão