Ministério da Saúde admite pela 1ª vez a ineficácia da cloroquina e “kit covid”

A CPI apura se a existência de um gabinete paralelo ao Ministério da Saúde influenciou o atraso na compra das vacinas, o favorecimento de laboratórios e a compra de medicamentos do "kit covid" sem eficácia para o tratamento da doença.

Ministério da Saúde admite pela 1ª vez a ineficácia da cloroquina e “kit covid” Presidente Jair Bosonaro faz campanha pelo uso da hidroxicloroquina no combate à Covid-19 (Crédito: Carolina Antunes/PR) Notícia do dia 15/07/2021

Depois de muita campanha, o Ministério da Saúde admitiu que os medicamentos do chamado “kit covid’ são ineficazes no tratamento contra o coronavírus. O órgão encaminhou duas notas técnicas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 após pedido feito pelo senador Humberto Costa (PT-PE).

“Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”, afirma a nota, publicada pelo site Congresso em Foco.

Em maio, o Ministério já havia emitido um parecer contraindicando o uso dos medicamentos para pacientes internados com covid, mas o parecer só chegou à CPI essa semana. Duas notas técnicas foram entregues à comissão por um pedido do senador Humberto Costa (PT-PE).

Os medicamentos são os mesmos usados para tratamento precoce, que são defendidos por apoiadores do governo e indicados pelo aplicativo do Ministério da Saúde, TrateCov, em Manaus (AM) em janeiro, no auge da crise de oxigênio no estado. A plataforma saiu do ar após a pasta alegar invasão hacker.

A CPI apura se a existência de um gabinete paralelo ao Ministério da Saúde influenciou o atraso na compra das vacinas, o favorecimento de laboratórios e a compra de medicamentos do "kit covid" sem eficácia para o tratamento da doença.

Uma primeira lista de testemunhas que são investigadas pela comissão por terem composto este gabinete e insistido no uso dos medicamentos são: o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o ex-chefe da comunicação do governo, Fábio Wajngarten, as médicas Mayra Pinheiro e Nise Yamaguchi e o ex-chanceler Ernesto Araújo.

Também constam na lista de investigados: o ex-assessor do Ministério da Saúde Elcio Franco, o conselheiro do presidente Arthur Weintraub, o empresário Carlos Wizard, Franciele Fantinato, Helio Neto, Marcellus Campelo, Paulo Marinho Zanotto, Luciano Dias Azevedo e o atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga.

 

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