Memória: Médico Renato Menezes 1 ano de falecido e Médico Rodolfo 13 meses, vítimas de Coronavírus

Infectados na cidade de Parintins, quando a COVID-19 ainda era um vírus além de mortal, com muito segredos, Doutor Renato e Rodolfo, assim como tantos profissionais de saúde, não titubearam em se jogar na “guerra” para salvar vida. 

Memória: Médico Renato Menezes 1 ano de falecido e Médico Rodolfo 13 meses,  vítimas de Coronavírus Médicos Renato e Rodolfo Notícia do dia 06/06/2021

Estamos vivendo um 2021 na expectativa de acelerar ao máximo a vacinação no Brasil contra a COVID-19. Mas não podemos esquecer de tantos mártires que morreram desde o começo dessa desgraçada pandemia tentando salvar vida. O médico Renato Fonseca Menezes e o médico  peruano Rodolfo Walter Garcia Arismendi são dois deles. 

Neste domingo, dia 06 de junho, completa 1 ano da partida precoce de Renato e, no próximo dia 14 de junho, completa 13 meses de doutor Rodolfo. O médico, de origem peruana, foi o primeiro profissional de saúde a morrer por Coronavírus em Parintins, no interior do Amazonas dia dia 04 de maio de 2020. De um total de quatro médicos. Além deles, partiram o médico jovem Marcus Brunner, no dia 19 de novembro, e o médico Tarcísio Layme ,no dia 21 de fevereiro de 2021. 

 

Infectados na cidade de Parintins, quando a COVID-19 ainda era um vírus além de mortal, com muito segredos, Doutor Renato e Rodolfo, assim como tantos profissionais de saúde, não titubearam em se jogar na “guerra” para salvar vida. 

Médico Ortopedista Renato Menezes já tinha 70 anos. Aliás iria completar no dia 06 de julho de 2020. "Além de um médico incrível, Renato também foi um grande pai para Mariana, Jaime, Gustavo, Manuela e Gabriel. Todos frutos de seu amor com Zezé. Jaime, inclusive, seguiu os passos do pai e também se tornou ortopedista”. 

 

O clínico geral Rodolfo Arismedi tinha 73 anos. "O peruano que, atravessando os Andes para praticar a medicina na floresta, chegou ao Acre em 1998 e, após poucos anos, adotou Parintins como seu novo lar”. 

Ambos, portanto, se quisessem nem trabalhar na linha de frente, podiam, pois eram do chamado grupo de risco. Mas não, seguindo o juramento de Hipócrates, o "Pai da Medicina Ocidental”,  os médicos Renato Menezes e o Rodolfo Arismedi teimaram em ficar no front contra o Coronavírus. 

Recordamos como singela homenagens aos familiares do médico Renato e médico Rodolfo os texto do mural virtual NUMERÁVEIS, memorial dedicado à história de cada uma das vítimas do coronavírus no Brasil.

 

 

Texto: Hudson Lima 

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LEIA 

Renato Fonseca Menezes

 

1950 - 2020

Médico ortopedista que dedicou a vida para visitar e cuidar de inúmeros pacientes pelo norte do país.

Aos 19 anos, Renato passou em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo, onde se formou com a turma de 1975.

Os colegas que ele fez nesta época, como a Rosa Maria, permaneceram em contato com ele por toda a sua vida.

"Lembro-me dele caçando rãs no brejo que havia próximo ao Instituto Anatômico, para as aulas experimentais do curso de fisiologia. Ele se molhava todo, mas conseguia seu objetivo. Sempre foi muito determinado", conta o amigo Wilson.

Renato casou-se com Maria José, também conhecida como Zezé, e nela encontrou um grande amor e uma parceira para todos os momentos.

Um pouco depois, especializou-se em Ortopedia e Traumatologia e foi exercer a sua profissão pelo norte do país, ficando por vinte anos no interior do Pará como único ortopedista desta região. Nesta época, morou em Marabá e Conceição do Araguaia. Saindo desta região, continuou a sua caminhada ainda mais ao norte e levou a sua medicina para o interior do Amazonas, onde fixou residência em Parintins e, mais uma vez, como único ortopedista, atendeu toda a população do Baixo Amazonas até os seus últimos dias de vida.

"Ele não media esforços para cuidar dos seus pacientes. São muitas as mensagens de agradecimento das pessoas que ele tratou. Ele viveu intensamente o seu lado profissional. Viajava pelo interior do Amazonas para atender as comunidades e municípios mais distantes. Era muito querido e conhecido na região, desde o Pará até o Amazonas", conta Zezé.

Além de um médico incrível, Renato também foi um grande pai para Mariana, Jaime, Gustavo, Manuela e Gabriel. Todos, frutos de seu amor com Zezé. Jaime, inclusive, seguiu os passos do pai e também se tornou ortopedista.

Nas poucas horas vagas que se permitia ter, Renato gostava de pescar e preservar o meio ambiente, plantando árvores e flores no seu quintal, na cidade de Parintins.

Renato também era reconhecido por ser um contador de histórias, em especial pelos seus cinco filhos e sete netos, para quem contava as muitas histórias de família e aventuras vividas nas pescarias que fez com seu grande companheiro e pai, Mauro Menezes.

Em fevereiro de 2019, ele reuniu os amigos da faculdade para comemorar os 45 anos de formação em Medicina, no balneário de Iriri, no Espírito Santo. O encontro, cheio de emoção e alegria, celebrou a carreira e a vida de um homem que nasceu para se dedicar ao próximo.

Renato faz muita falta para sua família, amigos e todos os seus pacientes.

Renato nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu em São Paulo (SP), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelos familiares e amigos de Renato, Maria José, Wilson e Rosa Maria. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Rayane Urani, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 22 de outubro de 2020.

 

LEIA

Rodolfo Walter Garcia Arizmendi

 

1947 - 2020

Médico peruano que compensava seu forte sotaque com doçura.

"Lá vai o médico", era o que se ouvia muito. Afinal, para qualquer chamado para as distantes vilas de Parintins, era o Dr. Rodolfo quem subia na voadeira para ir à Tracajá, ao Maranhão, ou mesmo até à Terra Santa, no baixo Amazonas; enfrentando o sol, a chuva e o vento, que insistia em derrubar sua inseparável touca e levá-la para as profundezas do Amazonas.

O peruano que, atravessando os Andes para praticar a medicina na floresta, chegou ao Acre em 1998 e, após poucos anos, adotou Parintins como seu novo lar.

Trouxe na mala seu gosto por cozinhar e misturou com maestria os temperos peruanos e amazônicos. Essa habilidade influenciou as soluções, muitas vezes engenhosas e simples, na prática da medicina, onde salvou muitas vidas.

“Chama, chama... me ajuda aí ô...”, dizia o médico, conhecido pela sua astúcia e pelas longas caminhadas, sempre acompanhadas pelo seu guarda-chuva e por uma pequena bolsa que carregava.

O médico não tinha carro ou moto. Era a pé, que cruzava a cidade para o trabalho ou visita aos amigos.

Às companheiras de profissão, quando lhe pediam ajuda, respondia: “Que quieres mujer?” Nunca negava.

Tinha especial carinho no atendimento às crianças - afinava, ou tentava afinar, sua voz para conversar com elas.

Um herói simples, querido por todos. Seus amigos o chamavam de "Lhama".

David Assayag, o mítico levantador de toadas dos famosos Bois de Parintins, entoou seu canto em homenagem ao Lhama.

Havia um Lhama na terra dos Bois.

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O médico, de origem peruana, foi o primeiro profissional de saúde a morrer por coronavírus em Parintins, no interior do Amazonas.

Familiares disseram que Dr. Rodolfo, como era conhecido nos mais de 20 anos em que atuou na área de saúde da cidade, não resistiu a uma parada cardíaca após o contágio.

"Ele agora está livre de aparelhos e tubos; nos deixou, e levou com ele nossa alegria", disse, em nota, José Ênio Espanholate Sobrinho, filho de Rodolfo, que alguns dias após a morte postou em seu perfil no Facebook: “Sempre a postos para os plantões difíceis e demorados, dedicado ao seu modo e experiente pelos seus quarenta e tantos anos de profissão, sabia lidar com tudo, até mesmo com as pessoas que, de certa forma, recriminavam-no.”

"Rodolfo abdicou da vida dele para atuar em função da população, não só na pandemia como em toda a sua vida profissional", disse uma colega de trabalho. Comovido e alegando dificuldade em falar, outro profissional destacou a atuação do médico na zona rural.

Texto enviado por Jornalista Carmen Munari, baseado nos sites G1, Reporterparintins, Emtempo e no Facebook.

Rodolfo nasceu em Lima (Peru) e faleceu em Manaus (AM), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho de Rodolfo, José Espanholate Sobrinho. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Rogério Zé, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 18 de junho de 2020.

 

FONTE: https://inumeraveis.com.br/