Com risco 10 vezes maior de morrer, brasileiros com síndrome de Down cobram vacinação imediata de COVID-19

Francinaldo Correia de Souza, de 47 anos, morador de Parintins, no interior do Amazonas.Em maio do ano passado, Francinaldo pegou covid-19 junto com sua mãe, de 87 anos, e seu sobrinho, que é técnico de enfermagem. A matriarca da família faleceu

Com risco 10 vezes maior de morrer, brasileiros com síndrome de Down cobram vacinação imediata de COVID-19  Francinaldo Correia de Souza, de 47 anos.ARQUIVO PESSOAL Notícia do dia 21/04/2021

Uma Dose de Respeito é uma iniciativa de mobilização da Federação Brasileira das Associações de síndrome de Down junto às suas 38 instituições associadas, em busca do reconhecimento da priorização da vacinação para as pessoas com síndrome de Down, que recebe apoio e financiamento de organizações internacionais como a Down Syndrome International, a Disabled People’s Organisations Denmark e a UKaid. 

O objetivo da campanha é pressionar todas as esferas governamentais: governo federal, distrital, governos estaduais e municipais para que as pessoas com síndrome de Down sejam vacinadas de imediato, levando em consideração a vulnerabilidade, o risco de contaminação, a baixa imunidade e probabilidade de desenvolver uma forma grave de Covid-19. 

No cenário atual, mesmo estando no grupo prioritário, as pessoas com síndrome de Down só serão vacinadas na 3ª fase do Programa Nacional de Imunizações (PNI), junto ao grupo de comorbidades, logo depois, estão as pessoas com deficiência permanente grave. 

O que está se pedindo é que se cumpra a lei e que sejam considerados os estudos científicos que comprovam essa necessidade. A Lei Brasileira de Inclusão assegura que, em situações de risco, emergência ou estado de calamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada vulnerável, devendo o poder público adotar medidas para sua proteção e segurança.

FRANCINALDO GUERREIRO de Parintins

Segundo reporter do Jornal Internacional EL País ' O risco da pessoa down de morrer ou ter a fase mais gravde da CODI-19 é 10 vezes maior em comparação com as demais pessoas, segundo indicou um estudo da Universidade de Oxford, do Reino Unido. 

No Brasil, o Ministério da Saúde incluiu os indivíduos com síndrome de Down no grupo prioritário para receber a vacina, mas dentro de um subgrupo de 17,7 milhões de pessoas com 22 tipos de comorbidades —diabetes, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, entre outras. Esse subgrupo está em 14º lugar na fila de imunização.

Vulnerabilidade

Além do estudo de Oxford, Sestaro aponta para um levantamento feito pela entidade que preside a partir dos dados de 2020 de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), incluindo dados da covid-19, do Ministério da Saúde. Comparou-se a evolução dos casos de acordo com as faixas etárias de pessoas com e sem síndrome de Down. De zero a 19 anos, a taxa de óbitos entre as pessoas com a deficiência é de 21,9%, enquanto para as demais é de 12,9%. A tendência é similar nas demais faixas etárias: de 20 a 39 anos e de 40 a 59 anos, o índice de mortes entre pessoas com a síndrome genética foi de 37,2% e 39,4%, respectivamente, mas para os demais foi de 17,4% e 25%, respectivamente. Por fim, entre as pessoas de 60 a 70 anos, a taxa de óbitos foi de 43,9% para as pessoas com síndrome de Down e de 38,9% para as demais. 

Carga Emocional 

Mas além dessas questões, a pandemia significou uma carga emocional ainda mais pesada nos ombros de quem tem síndrome de Down. São pessoas que já tinham uma tendência a viverem apartados da sociedade por causa do preconceito ainda existente e que, agora, tiveram de se isolar ainda mais. É o caso de Francinaldo Correia de Souza, de 47 anos, morador de Parintins, no interior do Amazonas.Em maio do ano passado, Francinaldo pegou covid-19 junto com sua mãe, de 87 anos, e seu sobrinho, que é técnico de enfermagem. A matriarca da família faleceu e, hoje, ele vive com outros parentes próximos.

“Ele gostava muito de sair, então tivemos de montar um cerco para impedir que ele fugisse do isolamento”, conta Adriana Souza, conta sua sobrinha. Os sintomas da covid-19 em seu tio foram leves e, segundo conta, restou uma tosse seca. Mas ele acabou mergulhando na depressão. “Tem dias que ele não acorda bem, que ele não quer falar com ninguém, que ele não quer comer... Se a gente vai para o lado dele, ele se irrita. Tem dias que ele acorda sorrindo, e tem dias que ele acorda com muita raiva. Coisas que não eram típicas de Francinaldo”, explica Adriana. “Ele é um rapaz muito alegre, muito brincalhão, feliz. Apaixonado por crianças e por festas de aniversário, torcedor do Flamengo, participava de escolinha de futebol, é faixa marrom no jiu-jitsu. Ele tinha uma vida muito agitada e que ficou de lado.”

Francinaldo até diminuiu seus esforços para driblar o cerco familiar e escapar para a rua. Mas, para Adriana, a vacina seria um alívio na rotina familiar. “Não que ele vá sair direto, mas teria possibilidade de a gente sair pra fazer uma caminhada, por exemplo”, explica Adriana. “Todos nós pegamos covid-19 e ficamos muito assustados. A gente tem medo de sair, de levar ele pra caminhar... Mas ele sente essa necessidade, porque ele tinha isso tudo.”

Reporatgem completa aqui acesse no El País 

Acesse Federação Brasileira das Associações de síndrome de Down