O senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem o apoio da maioria dos integrantes da CPI da Pandemia para ocupar o cargo de relator da investigação. Crítico ao governo Jair Bolsonaro, ele conta com o respaldo de seis dos 11 integrantes da comissão, segundo relatos feitos ao GLOBO. Na função, caberia a Renan dar o rumo aos trabalhos e produzir o texto final, que pode ser encaminhado ao Ministério Público e a outros órgãos de controle. O senador Omar Aziz do Amazonas dever ser o presidente. Omar costurou acordo com a oposição e venceu resistências da base governista.
Na noite de anteontem, um dia após a criação do colegiado, metade dos indicados para a comissão se reuniram para tratar da presidência e da relatoria. Estiveram presentes Renan Calheiros, Eduardo Braga (MDB-AM), Otto Alencar (PSD-BA), Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). No encontro, concluíram que Renan teria os votos necessários para assumir a relatoria, apesar da resistência de governistas, que são minoria.
Apesar disso, o grupo majoritário, formado por oposicionistas e independentes, enfrenta um impasse para fechar um acordo sobre quem será o presidente da CPI, que, por sua vez, é o responsável por indicar o relator. O principal cotado é o senador Omar Aziz (PSD-AM), que faz parte da segunda maior bancada da Casa, mas a opção ainda não é consensual. Para evitar um oposicionista declarado, o governo também trabalha pelo nome de Aziz nos bastidores. Além de Omar, o senador Eduardo Braga do MDB também é integrante titular da CPI da Pandemia.
Entre os argumentos para emplacar a candidatura de Aziz está justamente o fato de ele ser do Amazonas, um dos alvos de investigação da CPI após o colapso no sistema de saúde de Manaus no início do ano. Considerado mais neutro em relação ao governo, o senador do PSD intensificou críticas ao Ministério da Saúde na pandemia.
— Estamos conversando para que no dia da sessão para eleição de presidente e relator nós possamos mostrar o equilíbrio do Senado para que a gente possa trazer uma luz no fim do túnel para a população. Porque, se a gente chegar lá e um grupo é pró fulano, um grupo é pró sicrano, isso aí não vai dar certo — disse Aziz ao GLOBO.
No mês passado, ele disse que o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, "enganou" o Amazonas, porque "prometeu que no dia 21 de fevereiro todas as pessoas acima de 50 anos seriam vacinadas".
"Até hoje estamos esperando, porque não chegaram essas vacinas. O que o Ministério da Saúde não pode fazer é criar uma expectativa e não cumprir essa expectativa", afirmou na ocasião.
Além disso, o PSD poderia atender critérios de proporcionalidade, por ser a segunda maior bancada da Casa. Na mesma linha, o segundo maior bloco do Senado, formado pelo Podemos, PSDB e PSL, também tenta conquistar a Presidência.