Cresce a pressão pela saída de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde

Interlocutores do Palácio do Planalto adotam cautela sobre uma possível troca de Pazuello. "Já 'demitiram' ele umas 'trezentas vezes' em três meses", afirma uma fonte

Cresce a pressão pela saída de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, enfrenta uma pressão sem precedentes, mas, por ora, permanece á frente da pasta| Foto: Carolina Antunes/PR Notícia do dia 15/03/2021

A pressão pela saída do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, aumentou nos últimos dias na capital federal. Investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e na mira de parlamentares do Centrão que buscam emplacar um nome na pasta, o general tem sua continuidade no governo ameaçada em meio aos recordes sucessivos de mortes por covid-19 no País.

 

Pazuello pode pedir para deixar o cargo para tratar de problemas de saúde, de acordo com o jornal O Globo. Segundo uma fonte do alto escalão do governo ouvida pelo jornal O Estado de S. Paulo, o pedido de saída de Pazuello "faz todo sentido".

 

A Coluna do Estadão mostrou no sábado (13) que a cúpula do Congresso iniciou na sexta-feira (12) uma ofensiva para tirar o general do comando da Saúde com a apresentação de nomes técnicos e gestores com conhecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

O militar especialista em logística seria substituído por alguém da área de saúde. A cardiologista Ludhmilla Abrahão Hajjar e o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Marcelo Queiroga, seriam dois nomes cotados para o cargo.

 

A médica Ludhmilla Hajjar é a mais cotada. Por nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), inclusive, confirmou que ela se reuniu com Bolsonaro neste domingo (14).

 

Reunião com ala militar e Arthur Lira

No sábado à noite, o presidente da República, Jair Bolsonaro, se reuniu com ministros da ala militar do governo no Hotel de Trânsito de Oficiais do Exército, onde mora Pazuello.

 

Além do ministro da Saúde, participaram da conversa os ministros Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, Braga Netto, da Casa Civil, e Fernando Azevedo, da Defesa. Todos são generais do Exército da reserva, à exceção de Pazuello, que permanece no serviço ativo.

 

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também participou da reunião, segundo apurou a Gazeta do Povo com pessoas próximas do parlamentar. A reunião ocorreu de última hora e não constava na agenda do presidente e dos ministros.

 

Os ministros e Lira deixaram o local sem dar declarações à imprensa. Apesar de os ministros palacianos garantirem nos bastidores que o presidente apoia a permanência de Pazuello, aumenta a cada dia a pressão política pela troca.

 

Saída não é certa

Interlocutores do Palácio do Planalto adotam cautela sobre uma possível troca de Pazuello. "Já 'demitiram' ele umas 'trezentas vezes' em três meses", afirma uma fonte à Gazeta do Povo. Ninguém nega a a tentativa de fritura do ministro da Saúde, mas não bancam a troca.

 

A leitura política no Planalto é que Bolsonaro está buscando uma solução para a pasta em prol da unidade com o Congresso. "Pode ser uma saída pessoal com interesses políticos", pondera o interlocutor. Mesmo pessoas próximas a Pazuello não cravam a saída do ministro. "Ainda não tive nenhuma sinalização de saída", afirma outro assessor.

 

O clima político no governo é de apreensão. Enquanto uns creem em pressão política e se tratar de um "balão de ensaio da imprensa", outros reconhecem ser estranho o silêncio do próprio Pazuello. "Nós conhecemos o presidente [Bolsonaro], ele não é pautado por pressão política e balão de ensaio da imprensa. Mas a informação está com muita repercussão e silêncio do ministro", diz outro interlocutor.

 

Arthur Lira cobra "capacidade de diálogo" e torce por Ludhmila Hajjar

 

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se manifestou sobre o clima político no governo. Sem citar nominalmente Pazuello ou falar abertamente a respeito do Ministério da Saúde, comentou, pelo Twitter, que o enfrentamento da pandemia "exige competência técnica", mas, também, "exige ainda mais uma ampla e experiente capacidade de diálogo político".

 

"Pois envolve todos os entes federados, o Congresso, o Judiciário, além do complexo e multifacetado Sistema Único de Saúde (SUS)". declarou. Dois nomes políticos surgem como opção a Pazuello no momento. O deputado federal Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. mais conhecido como Dr. Luizinho, é um dos cotados. O líder do governo na Câmara, ex-ministro da Saúde no governo Temer, é outro.

 

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