Essenciais da linha de frente no combate à pandemia da COVID-19, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros vivem drama interno no Estado do Amazonas. Levantamento realizado pela Associação das Praças da Polícia e Bombeiro Militar do Amazonas (Appbmam), a pedido do site ParintinsAmazonas, traz dado estarrecedor.
Quase 100 policiais militares da ativa, bombeiros da ativa e militares na reserva morreram de Coronavírus. Segundo o Cabo PM Guthemberg Oliveira, vice-presidente da Appbmam, entre março e final de dezembro de 2020 morreram 48 militares. E entre o dia 01 até dia 28 de janeiro de 2021, a COVID-19 matou 45 militares. Ou seja, a segunda onda está mais devastadora. Ao todo mais de 1.130 militares foram registrados como infectados. Média de quase 2 militares mortos a cada dia. “Nosso luto tem rostos e nomes” diz um dos murais feito para homenagear as vítimas.
As mortes dos militares ocorreram em Manaus, Manacapuru, Iranduba, Humaitá, Urucará e Coari. A pior semana entre os militares em 2021 foi entre os dias 26 e 27, quando quatro militares, sendo duas mulheres e dois homens, todos da ativa, morreram de coronavírus. O 11º Batalhão da PM na cidade de Parintins, maior polo do interior do Amazonas, ainda não teve nenhuma morte, mas teve vários militares afastados devido contrair o vírus e preocupa a associação. Segundo o Cabo PM Guthemberg, as “escalas extras”, nas quais em plena folga o militar é mandando tirar serviço vem sendo uma das principais reclamações nesse começo de ano.
A Associação das Praças da Polícia e Bombeiro Militar do Amazonas já protocolou ação na Justiça do Amazonas e Ofício na Secretaria de Saúde e Secretaria Segurança pedido de vacinação na fila prioritária aos profissionais da segurança pública que estão na linha de frente no combate à Covid-19.
“Costumo dizer que o militar no Brasil é a única categoria que ainda vive num trabalho de escravidão. Agora com os casos de reinfecção piorou mais a situação. Tem colegas que contraíram o vírus quando ajudavam a transportar os cilindros de oxigênio até os hospitais e morreram, infelizmente”, lamenta .
Cabo Gutember
Segundo Guthemberg, na grande maioria das cidades do interior do Amazonas, além de realizar o trabalho de prevenção, a PM ainda auxilia em investigações e fiscalização de crimes. “Estamos sempre dispostos à ajudar a comunidade. Nenhum militar até agora está negando fazer todo tipo de serviço quando convocado. Mas a tropa está sobrecarregada. O PM acaba levando o coronavírus para dentro da casa. Tem casos de PMs que perderam mãe, pai, irmãos, esposas, esposo. Precisamos de apoio”, afirma.
Para a Associação das Praças da Polícia e Bombeiro Militar do Amazonas, são necessários cerca de 11 mil doses de vacina contra a coronavírus para imunizar todos os setores da segurança pública. “Infelizmente o militar agora na escala de prioridade da vacina está atrás até de quem cumpre pena nos presídios. Isso é falta de respeito com quem defende a segurança publica”, disse.
A reportagem do site ParintinsAmazonas manteve contato com a assessoria de Imprensa do Comando Geral da PM no Amazonas. A Assessoria pediu por escrito todas as indagações para posterior resposta.
Texto: Hudson Lima
#hudsonlimakoiote
(92) 991542015