É muito difícil dizer algo de diferente de tudo o que já foi dito sobre o nosso Renner Dutra.

Tive o privilégio de conhecer e conviver com este ser humano de luz. O Conheci numa sexta-feira Santa, durante a Via Sacra em Maués. Me despeço noutra sexta-feira, um pouco aós as festividades de Reis.

Em Maués organizamos um grupo de jovens na Igreja do Cristo Bom Pastor. Nos reuníamos para estudar, debater, assistir filmes, conviver de forma fraterna.

Gostava de estar com os jovens em diferentes atividades. Na época, eu jogava muito mais futebol, um goleador nato. Depois de um jogo a noite fomos à um lanche com um grupo de amigos.

Feito todos os pedidos, alguém pediu uma caipirinha para o padre, quando foi entregue a ele, eu peguei e disse que ele não podia, então tomei. e assim aconteceu com os diversos pedidos seguintes o que fez eu cambalear um pouquinho. Ele preocupado queria que eu dormisse na casa paroquial, mas recusei porque disse a ele que reclamariam se ele abrigasse alguém com um pouco mais de teor alcoólico, além do permitido.

Vivenciamos muitas experiências em Maués, primeiro na igreja, depois na Secretaria Municipal de Educação. Muitas campanhas políticas!

Ao ser convidado para ser secretário municipal de educação em Parintins me fez o convite e por isso vim em janeiro de 2001. Nossa primeira tarefa foi organizar o Encontro Pedagógico, realizamos um diagnóstico de toda situação para a partir de dados concretos realizarmos nossas atividades.

Num questionário encaminhado aos professores havia uma pergunta: Se você fosse secretário de educação, quais seriam as 5 prioridades? Nossa surpresa foi: Trabalhar a formação dos professores. E assim foi.

No início dos trabalhos lembro-me da atuação do sindicato pelo aumento salarial, do Conselho Municipal de Alimentação Escolar e do PDE da Escola. Tínhamos uma regra básica: A experiência de Maués foi em Maués, aqui será outra experiência. São outras pessoas, é uma outra realidade, por isso evitávamos ao máximo a comparação do trabalho entre os municípios.

Ele foi primeiro para UEA, depois fui também. Primeiro pelo Processo Seletivo e depois pelo concurso público. Quando muitos professores fizeram suas inscrições para vários municípios, nós fizemos somente para o CESP. Não tínhamos dinheiro para mais de uma inscrição, por isso nos dizíamos, temos que estudar muito para passar, e assim aconteceu.

Eu o ajudei na preparação da aula dele e ele com mais outro amigo, ajudou preparar a minha aula, mas nenhum assistiu a aula do outro.

Buscando pela memória, não lembro de algum dia termos brigado. Sabíamos o limite um do outro, por isso quando um estava extrapolando, o outro silenciava e assim foi nossa caminhada.

Muitos continuaram o chamando de padre Renner, eu passei a chamá-lo de professor, professor Renner. Ele soube conciliar muito bem esses dois trabalhos. Nunca deixou o sacerdócio, apenas deixou de celebrar a missa na igreja e passou a fazê-la em forma de aula, com muita dedicação e zelo. Nem preciso falar da sabedoria.

Dedicou muito do seu tempo para ouvir e aconselhar as pessoas. Eu recorri a ele muitas vezes. Renner deixa um vazio e ao mesmo tempo um legado, próprio deste ser dialético.