Esse verso do amo é sinal de partida

E um galo cantou nossa despedida

Sentimos saudade a nos invadir

Agora vaqueiro

Vem buscar meu boi de raça

Com um trato de carinho

E oriente o seu caminho

Não se esqueça

De agradecer na baixa

Do São José que é o abrigo

De todos os amigos

Ao descer o rio

De encontro ao seu campo

Florido em vermelho e branco

Reinará sempre feliz.

 

Hoje é mais um dia em que, no meu isolamento espontâneo e deliberado, faço reflexões sobre o que escrevi e consegui, com minhas limitações, colocar melodias que permitissem melhor compreensão.

Por pura intuição, gosto de figuras de linguagem: metáfora, elipse, hipérbole aliteração e polissemia. Mais ainda de matemática e lógica, tal qual meu saudoso irmão Mariano Garcia.

Nesta DESPEDIDA, a esperança que o Boi Garantido volte no outro ano não é mais enfática porque ano passado a pandemia não permitiu.

Na nossa vida real, creio que aqui seja também uma passagem, sendo que algum dia imprevisível acontecerá o Grande Encontro ou o reencontro eterno.

Para esta segunda interpretação, que fora cantada em vários velórios e sepultamentos, temos a polissemia:

O vaqueiro carinhoso é substituído pelo anjo de candura que nos conduzirá pelos caminhos designados por Deus. Mas antes tem que passar pela Baixa do São José um lugar sem enigmas em que se respira, ainda, humildade e solidariedade.

O Boi é substituído por cada um de nós que, descendo o rio, reinará em um campo florido.

Dedico ao Rafael Marupiara, um compositor do riso fácil e que progrediu muito, porque tinha um coração em abundância de sentimentos bons e a inteligência para multiplicar suas músicas.

Todos podem cantar, ainda que sem vozes, as suas canções de Fé e de Esperança para que o nosso Deus recoloque esse Universo em equilíbrio.