Aderaldo Reis: o comunicador do povo foi tomar bença da dona Camé

Nos últimos anos, passou a atuar no Programa Agora Parintins, como repórter policial. Foi nessa migração para a TV e Internet que ele se reinventou e ganhou mais popularidade na cidade, eternizando-se com a frase “Se você não quer que seu nome apareça, não deixe que o fato aconteça”.

Aderaldo Reis: o comunicador do povo foi tomar bença da dona Camé Aderaldo Reis com dona Camé Notícia do dia 27/10/2020

Nascido em 1º de setembro de 1957. Garrincha era o seu apelido de infância, mas era pra ser o nome, caso tivesse se cumprido a vontade do seu pai, Adelson Ferreira Reis, que faleceu quando curumim tinha apenas seis meses de vida. A mãe, dona Camé, não caiu da conversa do marido. Tratou de registrar o menino com um nome, cujo significado é “o que governa”.

Desde pequeno era perigoso.  Danado e arteiro. Mas muito prestativo e comunicativo.

Seu jeito de ser e viver a vida, foi fazendo com que colecionasse uma porção de histórias engraçadas e muitas peripécias. Revirando o baú das memórias, as irmãs contam algumas lembranças.

Ele era o sexto filho de um total de sete. Quando a irmã mais nova, a Carmem, danava a chorar, só sobrava pra ele, que tinha que ficar andando com a menina no colo ao redor do campo, na comunidade do Aninga, até a chorona se acalmar. Mas quando ela cresceu, ele desforrou. Colocava a irmã para pedalar e lhe levar na garoupa da bicicleta, tudo pra descontar as tantas vezes que a carregou no colo.

Contam que o Garrincha era fácil para ficar emburrado. Quando isso acontecia, ele dizia que ia embora de casa e ia morar debaixo do muricizeiro. Então, mandava a Carmem levar suas coisas pra debaixo da árvore. Mas era só cair um chuvisco que ele voltava pra casa e botava novamente a Carmem para carregar as coisas de volta.

O tempo passou e o Garrincha cresceu. Influenciado pela religiosidade e fé da mãe, dona Camé, participou do grupo de jovens Grêmio Mocidade, da catequese, da cruzada eucarística e atuou como coordenador da Pastoral dos Coroinhas.

Na juventude foi estudar no seminário. Lá, ele pedia emprestado o microfone do padre, dizendo que ia usar numa atividade da igreja, quando na verdade era para animar uma festa do Caprichoso. Quando voltava pro seminário, tinha que entrar de mansinho para não ser descoberto.

A trajetória no seminário não vingou, mas Deus tinha outros planos para o Garrincha.

Aos 27 anos casou com Sandra, a sua Sandrinha, com quem viveu por 36 anos e teve 3 filhos: Igor, Thallison (in memorian) e Kamilla. Os 3 eram suas maiores paixões, que se multiplicou com a chegada dos netos: Adam, Luan e Ana Lua.

Depois o Garrincha se transformou em Dino.

Conta que numa época, em tempos de eleições, ele estava num grupo político oposto à família Gonçalves. Por causa de um desenho animado que tinha o Dino, a esposa e os filhos, o radialista Gil Gonçalves teria dado este apelido ao Garrincha, só para aporrinhar. Mas esperto como sempre foi, pegou o apelido e transformou numa marca, criou a Coluna do Dino, que tinha dinossauro como símbolo Dino fez história na comunicação no baixo Amazonas.

Como radialista, trabalhou em Manaus e nas rádios Alvorada e Clube, em Parintins.

Nos últimos anos, passou a atuar no Programa Agora Parintins, como repórter policial. Foi nessa migração para a TV e Internet que ele se reinventou e ganhou mais popularidade na cidade, eternizando-se com a frase “Se você não quer que seu nome apareça, não deixe que o fato aconteça”.

Foi com esta frase que o Dino divertiu a muitos e deu voz aos anseios do povo, de forma descontraída e com uma boa dose de irreverência. Um autêntico comunicador popular.

Aos 63 anos, o torcedor azul, devoto de Santa Terezinha, o Dereco de alguns, o Dino de outros, o Aderaldo Rodrigues Reis, filho da dona Camé, foi chamado pelo Criador.

Muitos de nós não entendemos. Nem deu tempo de dizer adeus olhando nos olhos ou com um abraço. Mas o Criador o chamou para tomar bença da Camé.

A esse pedido ele não podia responder de outra forma se não fosse obedecer e ir.

Phelipe Reis é jornalista, filho do radialista Marduk Reis (in memorian), neto da dona Camé (in memorian) e sobrinho de Aderaldo Rodrigues Reis.