Adeus a Aderaldo Reis

Sua peculiar forma de transmitir as notícias policiais com seus comentários muitas vezes com dose de irreverência, bordões – “se não quer que seu nome apareça, não deixe que o fato aconteça – o fizeram único.

Adeus a Aderaldo Reis Notícia do dia 21/10/2020

Vivemos sob um pesadelo constante desde março, quando a pandemia do coronavírus se instalou entre nós. Esse vírus trouxe em seu bojo além das consequências nefastas para muita gente, o medo, o pânico, pesadelo e a angústia que se instalou em muitos de nós em nosso cotidiano. A partir daí somos assombrados com notícias de partida precoce de familiares e pessoas amigas para a eternidade.
Hoje ao acordarmos aqui em Parintins fomos tomados de assalto para esta dura realidade. A realidade da morte. Perdemos mais um amigo, o radialista Aderaldo Reis, vítima das complicações causadas pelo coronavírus.
Esse vírus, já levou outros amigos, o jornalista Robson Franco, o médico Renato Fonseca Menezes, o músico Lúcio Bahia e tantos outros amigos nos deixando órfãos das amizades, das histórias, das boas conversas, da fraternidade. Deixa uma sensação de vazio em nossas almas.
Aderaldo cuja amizade começou na década de 90 nas minhas vindas à Parintins, era em vida um amigo dileto. Lembro que ao nos encontrarmos na segunda semana de março, ele me fez um convite para que aos sábados nos encontrássemos com um amigo em comum para conversarmos, contar causos do cotidiano parintinense. No entanto, o coronavírus nos tirou essa oportunidade com a adoção das medidas restritivas.
Aderaldo Reis marcou uma era na rádio parintinense berçário de vários talentos no jornalismo. Sua peculiar forma de transmitir as notícias policiais com seus comentários muitas vezes com dose de irreverência, bordões – “se não quer que seu nome apareça, não deixe que o fato aconteça – o fizeram único.
Enquanto escrevo este texto, minha memória reproduz filmes de nossos encontros, de nossas conversas. Lembro de uma fotografia que está guardada em Manaus, onde em um Festival das Pastorinhas o qual ele adorava e era um incentivador, registra sentados à mesa ele, Aderaldo Reis, Veramilton Almeida e João do Carmo o “Careca”, ambos apaixonados por essa manifestação e que já partiram do nosso convívio terreno.
É triste ao despertar em mais um dia se deparar com uma notícia da partida de um amigo. Tinha a esperança e a certeza que Aderaldo Reis voltaria de Manaus curado para o nosso convívio aqui na ilha. Somos levados a cair em um vácuo de incertezas, mesmo sabendo que um dia todos nós teremos que partir.
Para a família de Aderaldo, esposa, filhos e netos o meu mais profundo sentimento de pesar.
Parintins, 21 de outubro de 2020.


Eduardo Gomes jornalista