Explosão em Beirute: o que se sabe e o que falta saber

Governo diz que curto-circuito causou incêndio e explosão que deixaram 100 mortos e 4 mil feridos

Explosão em Beirute: o que se sabe e o que falta saber magem feita por drone mostra a local da explosão no porto de Beirute, no Líbano, nesta quarta-feira (5) — Foto: Hussein Malla/AP Notícia do dia 05/08/2020

Uma explosão na região portuária de Beirute, no Líbano, matou pelo menos 78 pessoas, feriu 4 mil e espalhou destruição por quilômetros. O governo afirmou que um curto-circuito causou incêndio e explosão em um depósito de fogos e em outro onde estavam 2,7 mil toneladas de nitrato de amônia. O prédio da embaixada do Brasil foi afetado. A fragata brasileira Independência, usada em missão da ONU no país, deixou o local cerca de dez minutos antes da explosão. A hipótese de atentado foi afastada, mas o acidente levou pânico ao país, alvo frequente de violência sectária.

Testemunhas relataram tremor e janelas quebradas em várias partes da capital do Líbano. O violento choque foi sentido até no Chipre, ilha que fica a 240 quilômetros de distância. Embora autoridades tenham descartado um ataque ou um atentado como causa, o acidente levou pânico a uma cidade traumatizada por anos de violência e guerra civil.

Devastação
Sobreviventes pedem ajuda após forte explosão no porto de Beirute, capital do Líbano. Foto: STR / AFP 

Foram duas explosões. A primeira, segundo a TV Al-manar, veículo oficial do Hezbollah, foi causada por uma falha elétrica pouco antes das 18 horas (12 horas em Brasília). Ela teria provocado um incêndio em um depósito de fogos de artifício. Philip Boulos, que governa a região de Beirute, disse que uma equipe de bombeiros foi enviada para conter o fogo. Alguns minutos depois, veio a segunda explosão.

Em um país que vive sob o espectro constante da violência sectária, da ameaça de ataques de países vizinhos e ainda não se livrou dos traumas da guerra civil, as explosões provocaram pânico generalizado, com pessoas em fuga da região portuária, de carro ou a pé. Em pouco tempo, feridos começaram a lotar hospitais como o Rizk, um dos mais próximos do local da explosão, que realizou 400 atendimentos.

Veja, abaixo, o que se sabe e o que falta esclarecer:

Qual é o número de mortos ou feridos?

O governo libanês contabiliza ao menos 100 mortos após a explosão. Em entrevista a uma rede de TV, o ministro da Saúde do Líbano, Hamad Hasan, disse que há cerca de 4 mil feridos.

O presidente do país, Michel Aoun, defendeu que a capital deve declarar estado de emergência para as próximas duas semanas e disse ser "inaceitável" que 2.750 toneladas de nitrato de amônio fossem armazenadas por seis anos em um depósito sem a segurança necessária.

O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, disse em pronunciamento que o país enfrenta uma catástrofe e declarou luto oficial de um dia. "Eu prometo que esta catástrofe não passará sem que os culpados sejam responsabilizados. Os responsáveis pagarão o preço", afirmou.

Mais cedo, a Cruz Vermelha já havia citado mais de 2 mil feridos. Parte foi levada a hospitais, mas, até a última atualização desta reportagem, havia muita gente presa em escombros dentro de suas casas. Pessoas em barcos também foram jogadas ao mar.

Um fotógrafo da agência Associated Press perto do porto de Beirute viu feridos no chão e uma destruição generalizada no local. A rede libanesa de transmissão LBCI informou que no hospital Hotel Dieu havia mais de 500 pessoas sendo atendidas. Foi feito um pedido de doações de sangue.

O que causou a explosão?

O governo afirmou que um curto-circuito causou incêndio e explosão em um depósito de fogos e em outro onde estavam 2,7 mil toneladas de nitrato de amônia.