Teles correm para oferecer o ‘quase 5G’

Na GSMA, associação internacional que reúne as empresas mundo afora, a expectativa é que o Brasil chegue em 2025 com cerca de 21,2 milhões de usuário 5G.

Teles correm para oferecer o ‘quase 5G’ Futuro - Cabos de fibra óptica: expectativa do setor é que país chegue a 21,2 milhões de usuários de 5G em 2025 Foto: Chris Ratcliffe / Bloomberg Notícia do dia 25/07/2020

RIO — Mesmo sem data para o governo realizar o leilão do 5G no Brasil, operadoras de telefonia celular iniciaram uma corrida para levar ao consumidor internet mais rápida. Para elevar as receitas em um ano mais fraco em razão da pandemia do novo coronavírus, a solução foi usar o espaço disponível, que sobrou, nas frequências de 2G, 3G e 4G e usar uma tecnologia chamada DSS.

Ela permite elevar a velocidade a 400 mega por segundo (Mb/s), um patamar dez vezes superior ao atual, mas ainda longe do potencial real do 5G, que seria equivalente a 20 vezes o que o brasileiro dispõe hoje com a rede 4G. Na prática, é um 5G no meio do caminho, um “quase 5G”.

Os serviços desse 5G abaixo do potencial começam a ser comercializados a partir deste mês ainda de forma tímida, em alguns bairros nobres das maiores capitais do país. O objetivo é que os aparelhos, acima de R$ 5 mil, e os planos, sejam a principal estratégia para as vendas de Black Friday, no fim de novembro. A expectativa é que o país alcance até um milhão de consumidores.

Áreas nobres de Rio e SP

As empresas se referem ao produto como a possibilidade de ofertar ao cliente “uma experiência 5G”. Na semana passada, Claro, Ericsson, Qualcomm e Motorola, anunciaram o lançamento de rede 5G em São Paulo e no Rio, em bairros como Ipanema, Leblon e Lagoa.

Segundo Paulo Cesar Teixeira, presidente da unidade de Consumo e PME da Claro, as primeiras regiões a receberem a nova cobertura levaram em conta fatores como demanda atual de tráfego, crescimento ao longo do último ano e infraestrutura de rádios já modernizada.

— Clientes que adquirirem smartphones aptos já poderão ter as primeiras experiências com a tecnologia 5G, com conexões mais velozes que o 4G convencional — diz Paulo Cesar.

Fiore Mangone, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Qualcomm, que fabrica os processadores para os celulares, diz que a tecnologia também estará disponível em notebooks e futuramente em outros dispositivos.

— Já são cem redes 5G em 37 países. Já desenvolvemos processadores para 375 dispositivos para 30 marcas. O DSS é essencial para uma ampla cobertura 5G e para promover uma transição mais rápida na implantação comercial de 5G — destacou Blasco.

A Samsung lançou no início do ano passado aparelhos 5G no exterior. A companhia mantém conversa com operadoras e já está desenvolvendo soluções com diversas indústrias, diz Mario Laffitte, vice-presidente de Relações Institucionais da Samsung na América Latina. A companhia conta com 2.600 patentes de quinta geração.

— Já trabalhamos no 5G há dois anos e já estamos desenvolvendo o protocolo para o 6G. A quinta geração terá uma implatação rápida na América Latina. Estamos prontos para trazer aparelhos — afirmou ele, sem revelar planos.

Primeiro passo

Sem leilão de 5G, teles investem em serviços com internet mais rápida Foto: Justin Tallis / AFP
Sem leilão de 5G, teles investem em serviços com internet mais rápida Foto: Justin Tallis / AFP

  A Vivo, por sua vez, anunciou que vai lançar o 5G no fim deste mês em oito cidades do país, como São Paulo, Salvador, Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Goiânia Curitiba e Belo Horizonte. Márcio Fabbris, vice-presidente de Marketing e Vendas, disse que o 5G antes do leilão vai acelerar a conectividade. Ele cita o caso do 4G, que ainda está em expansão no país.

— Esse é o primeiro passo para o 5G poderoso que vamos ter lá na frente. Vamos começar a ver smartphones com preços menores e competição. Vai ser uma aposta para as vendas do Black Friday em novembro.

Já a TIM está usando o 5G para lançar banda larga residencial em três cidades localizadas em Minas Gerais, Matro Grosso e Rio Grande do Sul. Leonardo Capdevill, diretor de Tecnologia da empresa, afirma que a estratégia é buscar cidades de cem mil habitantes.

— Levar essa conexão aos smartphones também está nos nossos planos. Vamos entender a experiência nessas cidades para fazer a ampliação. O DSS será o começo da experiência — diz ele.

Na GSMA, associação internacional que reúne as empresas mundo afora, a expectativa é que o Brasil chegue em 2025 com cerca de 21,2 milhões de usuário 5G. Alejandro Adamowicz, diretor de Tecnologia e Estratégia, lembrou que o DDS usa equipamentos e softwares 5G, embora use qualquer tipo de frequência. Para ele, essa solução será usada apenas em alguns locais, mas não no país todo.

ACESSE AQUI MATERIA COMPLETA assinada no GLOBO pelo Jornalista Bruno Rosa