Eder Júnior foi cavalgar no céu

Quem não quer um dia passear em plena avenida Geny Bentes, a mais movimentada dos Bairros dos Itaúnas, em Parintins, com o filho, a cavalo. Várias vezes, Júnior fez isso. A cena era hilária, mas de encher de orgulho qualquer pai. O mentor moldando o filho a sua maneira.

Eder Júnior foi cavalgar no céu Notícia do dia 12/07/2020

Meu colega e mano Eder Júnior Farias “Bajanga” partiu. Viveu intensamente 32 anos com a família, colegas, amigos, irmãs, irmãos, vizinhos. Viveu intensamente a pequena família que constituiu. De berço evangélico, não era radical. Sabe escutar.  

Éramos pândegos. Não tinha vergonha disso. Júnior Farias era calado, mas de boas ações práticas. 
Jogava um bolão e não gostava de perder. Participou de futebol de campo, futsal. Representou bem o Bairro de Santa Clara. Era torcedor apaixonado pelo Botafogo. Mas amava mesmo a aventura de vaquejada e cavalgada. Nesse beirão de Barreirinha, Parintins e Nhamundá dezenas de vezes competiu. No laço e para os mais íntimos, saiu Eder Júnior e vinha o Júnior Bajanga.  Era duro na queda. Viveu intensamente.
Talvez por isso a desgraça e silenciosa diabetes tenha o pego de surpresa. Não o culpo. Afinal, na flor da juventude e muitos projetos com a esposa e com o filho estavam desenhados, não de pensar em morrer. 
Sempre nas nossas saídas, vez ou outra dizia ter conseguido a esposa mais bela, dona Soriane Veiga. Tinham percalços? Claro que sim. Uma vida a dois é feita de felicidades, altos, baixos, renúncia , mas de amor e compreensão. 
Quem não quer um dia passear em plena avenida Geny Bentes, a mais movimentada dos Bairros dos Itaúnas, em Parintins, com o filho, a cavalo. Várias vezes, Júnior fez isso. A cena era hilária, mas de encher de orgulho qualquer pai. O mentor moldando o filho a sua maneira. 
Teve todo amor necessário na família que o criou. Com pai e mãe. Compartilhávamos pensamentos para ser cada vez melhor. Depois de adolescente e já casado, teimou em conhecer a mãe biológica. Trabalhou, juntou dinheiro e partiu em buscar dela. Os olhos de cor diferente, ficavam mais radiantes, quando contava a aventura.  Conseguiu. Completou a missão de forma honrosa. Filho e mãe se reencontraram, depois de anos.  
Júnior Farias o conheci “gitinho” e depois ali pela escola Brandão de Amorim. Quando fez amizade forte com meu irmão André, ambos da mesma idade ficamos mais próximos ainda. Balconista de Drogaria, entregador de remédio, vendedor de frutas. Não tinha serviço que ele não fizesse. Tinha como maior referência seu Simoca e dona Glorinha. 
A intensidade de viver partiu na noite de 11 de julho. Deus criador te receba parceiro e que você continue a cavalgar agora no céu e cuidando de tua família....

* texto: Hudson Lima 

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