Caciques do Centrão em silêncio sobre manifestações e sendo nomeados no governo Bolsonaro

Lira, líder do bloco na Câmara, foi recebido no Palácio do Planalto no dia 20 de março. Um vídeo do encontro foi publicado depois da reunião e mostrava o dois em clima amistoso. Após as reuniões, não demorou muito para o governo nomear indicados pelos novos aliados para cargos de segundo e terceiro escalão.

Caciques do Centrão em silêncio sobre manifestações e sendo nomeados no governo Bolsonaro "Bolsonaro participa de ato no último domingo (17), em Brasília: líderes do Centrão, em geral, evitam se pronunciar sobre participação do presidente em manifestações contra o Congresso.| Foto: Sérgio Lima/AFP" Notícia do dia 19/05/2020

"Os principais líderes do Centrão têm mantido silêncio sobre a presença do presidente Jair Bolsonaro em atos públicos contra o Congresso. Embora faça parte do Legislativo, há uma explicação clara: parte do bloco partidário está em meio a negociações políticas para ingressar na base governista e ganhar cargos no governo.

A maioria dos caciques dos partidos que formam o bloco exerce mandato na Câmara dos Deputados. Seriam, portanto, afetados por manifestações em que uma das pautas é a defesa do fechamento do Congresso, bem como do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Como foram as manifestações dos líderes do Centrão
A Gazeta do Povo conferiu a reação de caciques e líderes do Centrão na Câmara dos Deputados nas redes sociais sobre a presença de Bolsonaro nos atos. Confira como eles se posicionaram.

"No Twitter e no Facebook, redes sociais populares entre os políticos brasileiros, o líder do Centrão na Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), líder do partido no Senado não se manifestaram sobre a participação de Bolsonaro nas manifestações que ocorreram no dia 19 de abril e no dia 3 de maio.

Lira, líder do bloco na Câmara, foi recebido no Palácio do Planalto no dia 20 de março. Um vídeo do encontro foi publicado depois da reunião e mostrava o dois em clima amistoso. Após as reuniões, não demorou muito para o governo nomear indicados pelos novos aliados para cargos de segundo e terceiro escalão.

O ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab presidente do PSD que também vem negociando para ser parte da base do governo, também não comentou as ações do presidente nas redes sociais.

"A mesma atitude de Diego Andrade (PSD-MG), líder do partido na Câmara. Andrade não fez nenhuma crítica ao presidente em sua conta oficial no Facebook. Pelo contrário, posta vídeos com o Bolsonaro e se mostra alinhado ao  defender a retomada do comércio de forma “segura” em meio à pandemia do novo coronavírus.

Jhonatan de Jesus (Republicanos) e Wellington Roberto (PL), líderes de seus partidos na Câmara e que já participaram de reuniões com Bolsonaro, preferiram o silêncio digital sobre a presença do novo aliado em atos que pedem o fechamento das Casas que representam.

"O cacique do PTB, Roberto Jefferson (PTB), vem defendendo o presidente nas redes sociais. Chegou a tuitar que Bolsonaro deveria “demitir e substituir os 11 ministros do STF, herança maldita”.

"Já Pedro Lucas Fernandes, líder do PTB na Câmara, não comentou as ações presidenciais.

"A outra ponta do Centrão 


Alguns partidos do Centrão estão divididos com relação a entrada no barco bolsonarista. O deputado Ricardo Barros (PP-PR) acredita que o racha no bloco será inevitável, principalmente quando as eleições presidenciais de 2022 se aproximarem. Para ele uma parte do Centrão irá apoiar João Doria, governador de São Paulo.

O DEM, partido que tem deputados que integram o Centrão, é uma sigla com sinais de divisão interna. O partido já foi contemplado, nas recentes negociações com Bolsonaro, com cargos. O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), por exemplo, ganhou um cargo no conselho da Hidrelétrica de Itaipu.

"Mas os constantes desacordos entre o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Bolsonaro mostram que o partido não aderiu em peso ao governo.

ACM Neto, prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, se reuniu com Bolsonaro no dia 23 de março. Nenhum dos dois quis fazer declarações públicas sobre o encontro. Apesar de não ter feito nenhuma crítica aberta ao presidente, ACM Neto tuitou no dia da segunda manifestação contra o Congresso que “a democracia é inegociável”.

"Um dos caciques do MDB, Romero Jucá, um dia depois da manifestação de 3 maio falou sobre a importância do isolamento social no Twitter. Já no dia 19 de abril, Jucá postou pela manhã no Facebook um texto comemorando o dia da liberdade de imprensa. Sem nenhuma crítica direta a presença nos atos de Bolsonaro, que costuma pedir o fim do isolamento social e costuma atacar a imprensa."
"Apesar disso, o MDB também foi contemplado recentemente com cargos no governo. Ex-deputado e ex-ministro do governo Temer, Carlos Marun (MDB-MS) ganhou um cargo no conselho de Itaipu."

Texto: "Por Camila Abrão
gazetadopovo.com.br