Nome que aparece em documento do Fantástico é de mulher presa em comitê de José Melo

O Inquérito Policial n° 0733/2014-4, da Polícia Federal, gerado a partir da prisão de Nair Blair e da Vereadora Karine Brito, serviu para embasar a Ação de Investigação Judicial Eleitoral ajuizada pelo Ministério Eleitoral contra o governador José Melo e

Nome que aparece em documento do Fantástico é de mulher presa em comitê de José Melo magem mostrada na chamada do Fantástico sobre compra de votos nas eleições de 2014 no Amazonas (Foto: Reprodução) Notícia do dia 07/03/2015

MANAUS – Um dos nomes que aparecem nos documentos mostrados na chamada da Rede Globo para a reportagem do programa Fantástico do próximo domingo é de Nair Blair. Escrito a mão em um recibo no valor de R$ 450,00 de serviços realizados em um túmulo, Nair Blair é Nair Queiroz Blair, presa pela Polícia Federal durante a campanha eleitoral por compra de votos (Artigo 299 do Código Eleitoral). Ela foi presa dentro de um dos comitês de campanha do governador José Melo (Pros), que concorria à reeleição, dois dias antes do segundo turno.

Com ela, a Polícia Federal encontrou uma pasta cheia de documentos, como recibos e listas de pessoas beneficiadas com dinheiro da campanha, pagamentos de serviços, origem de dinheiro não declarado à Justiça eleitoral entre outros. Também foi presa na mesma operação da Polícia Federal a vereadora de Parintins Karine Cristina da Costa Brito (PSD), mas ambos foram soltas à época mediante pagamento de fiança.

O interesse do Fantástico pelo caso ocorreu pelo fato de as provas apreendidas pela Polícia Federal demonstrarem uma metodologia pouco usual nas campanha eleitorais. Uma fonte ouvida pelo AMAZONAS ATUAL e que teve acesso ao inquérito afirma que a reforma de túmulo citada na chamada do programa jornalístico é apenas um ponto de uma história escandalosa, nunca vista antes em eleições no Estado.

O Inquérito Policial n° 0733/2014-4, da Polícia Federal, gerado a partir da prisão de Nair Blair e da Vereadora Karine Brito, serviu para embasar a Ação de Investigação Judicial Eleitoral ajuizada pelo Ministério Eleitoral contra o governador José Melo e o vice-governador Henrique Oliveira.

Impedida de viajar

No dia 13 de novembro do ano passado, 20 dias depois da prisão, a juíza Cleonice Fernandes de Menezes Trigueiro, da 37ª Zona Eleitoral, acatando a um pedido do promotor eleitoral, decretou a proibição de ausentar-se da Comarca e do País, sem prévio conhecimento e autorização judicial, à investigada Nair Queiroz Blair. A magistrada também determinou a intimação da investigada para que entregasse o passaporte, no prazo 24 horas.

A medida adotada pela juíza foi recomendada pela Polícia Federal, sob a alegação de Nair Blair “não possuir residência fixa no Brasil, por ser necessária sua permanência na Comarca de Manaus para a investigação e porque sua eventual viagem ao exterior pode obstruir os trabalhos da Justiça Eleitoral”.

Outras denúncias

Em 2008, a Revista Época denunciou a Organização Não-Governamental (ONG) Agência Nacional de Gestão de Recursos para a Hiléia Amazônica (Angrhamazonica), entidade dirigida por Nair Blair. De acordo com a reportagem, a ONG chamava a atenção pela versatilidade. Criada para atuar na área ambiental, obteve uma verba de R$ 2,5 milhões dos ministérios da Cultura e do Turismo para organizar um show dos bois Garantido e Caprichoso no Réveillon de Brasília na virada de 2007 para 2008.

À época da reportagem da revista, no endereço da Angrhamazonica registrado no Ministério da Justiça, em Manaus, funciona uma loja de conserto de aparelhos eletrônicos e de jogos para computador. Um primo de Nair Blair, Jacildo Farias, que atendeu a reportagem no endereço, confessou que “essa Angrhamazonica só existe no papel”.

Nair, naquele ano, morava em Brasília e trabalhava como assessora parlamentar da liderança do PDT no Senado desde 2003. À reportagem da revista, ele disse que a sede da Angrhamazonica funcionava em Manaus até setembro daquele ano, “quando nos transferimos para Brasília”.

TCU condenou

Em dezembro do ano passado, o TCU condenou a Angrhamazônica, Nair Blair e todos os envolvidos no caso do contrato citado pela revista ao pagamento, solidariamente, de R$ 2.184.160,00, valor que deveria ser recolhido ao Fundo Nacional de Cultura, e aplicou multa de R$ 300 mil aos condenados no processo.

Leia o Acórdão do TCU

Leia a medida cautelar que proíbe Nair Blair de se viajar

//Fonte: Amazonas Atual