Presidente Bolsonaro acusa Moro de condicionar troca na PF a indicação ao Supremo

Bolsonaro disse, ainda, estar lutando contra o sistema político e o establishment. “Continua não sendo fácil, mas pode ter certeza: hoje em dia eu conto com muitos parlamentares dentro do Congresso Nacional que já comungam com essa tese, de vários partidos, exceto da extrema esquerda”, disse ele em aceno aos parlamentares.

Presidente Bolsonaro acusa Moro de condicionar troca na PF a indicação ao Supremo Reprodução TV Brasil Notícia do dia 24/04/2020

Em pronunciamento para comentar a saída de Sergio Moro do governo, o presidente Jair Bolsonaro disse que, mais de uma vez, o ex-ministro teria dito que a troca de Maurício Valeixo do comando da PF poderia ocorrer em novembro, depois de possível indicação de Moro ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em novembro, o decano da Corte, ministro Celso de Mello, irá se aposentar e o presidente terá a prerrogativa de indicar um substituto para a vaga. Desde que foi para o governo, Moro era um dos nomes cogitados.

Bolsonaro negou ter pedido a Moro blindagem da Polícia Federal e rechaçou a tese de interferência na corporação. “Nunca pedi para blindar ninguém da minha família. Jamais faria isso”, disse. Ele alegou que os dois conversaram ontem (23) sobre a demissão do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. “Ele [Moro] relutou e falou: mas o nome tem que ser o meu. Eu falei: vamos conversar. Por que tem que ser o seu e não o meu, ou um de consenso entre nós dois?”, relatou Bolsonaro.

Acompanhado de seus ministros e do vice-presidente, Hamilton Mourão, o presidente disse que Moro era “um ídolo” para ele e elogiou seu trabalho como juiz federal, mas se disse decepcionado e surpreso com o comportamento do ex-ministro. Ainda, alegou que Moro não o queria na cadeira presidencial. “Moro tem compromisso consigo próprio e com seu ego, e não com o Brasil”, acusou.

“Os ministros têm a obrigação de estar junto comigo. Caso contrário, não estão no governo certp”, disse Bolsonaro.

Bolsonaro lembrou de episódios de discordância que teve com Moro, como quando o ex-ministro tentou indicar a cientista política Ilona Szabó para o Conselho Nacional de Política Criminal. “Eu não posso conviver, ou fica bastante difícil a convivência, com uma pessoa que pensa diferente de você”.

“Moro fez acusações infundadas que eu lamento”, disse ele afirmando que as falas do ex-juiz podem manchar sua biografia.

Troca na PF

“Não são verdadeiras as insinuações de que eu gostaria de saber sobre as investigações em andamento”, disse Bolsonaro, negando ter procurado Moro para interferir nas investigações da PF.

“Eu não tenho que pedir autorização para ninguém para trocar o diretor ou qualquer outro que esteja na pirâmide hierárquica do Poder Executivo”. Ele também reclamou das investigações sobre a facada de que foi vítima na campanha eleitoral de 2018 e voltou a criticar o curso do caso Marielle. Sobre autonomia dada a Moro no comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Bolsonaro ponderou que “autonomia não é sinônimo de soberania”.

“Queremos da Polícia Federal que ela seja usada em sua plenitude. Que as suas operações sejam, no mínimo, mantidas. No que depender de mim, potencializadas”, disse ele defendendo o discurso de combate à corrupção. Bolsonaro também reclamou da falta de reciprocidade na relação com Moro.

Bolsonaro disse, ainda, estar lutando contra o sistema político e o establishment. “Continua não sendo fácil, mas pode ter certeza: hoje em dia eu conto com muitos parlamentares dentro do Congresso Nacional que já comungam com essa tese, de vários partidos, exceto da extrema esquerda”, disse ele em aceno aos parlamentares.

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