Luxuosas, Portela e Beija-Flor são destaque em noite de bons desfiles

Terceira a desfilar, a Beija-Flor entrou na avenida depois da Portela e não conseguiu atrair a mesma atenção do público. O enredo sobre a Guiné Equatorial –um dos patrocínios mais caros (estimado em R$ 10 milhões) e polêmicos por se tratar de uma ditadura

Luxuosas, Portela e Beija-Flor são destaque em noite de bons desfiles A Imperatriz também fez um bom desfile, com temática afro e homenagem a Nelson Mandela. Notícia do dia 17/02/2015

Numa noite de desfiles mais equilibrados e nivelados por cima desde o início –ao contrário de domingo (15)–, a Portela saiu como a favorita, com o enredo sobre os 450 anos do Rio.

Sem ganhar desde 1984, a escola usou muita tecnologia nos carros alegóricos que, no entanto, não deixaram de remeter ao estilo mais clássico da escola.

Outra agremiação a chamar a atenção pelo luxo e acabamento de alegorias e fantasias foi a Beija-Flor.

A Portela teve a seu favor como trunfo o samba-enredo, tido como o melhor da safra deste ano e que animou público e integrantes da escola.

Antes mesmo do início do desfile a escola já ouvia gritos de “é campeã” vindos da arquibancada, e surpreendeu o público com quatro paraquedistas que aterrissaram na avenida.

Na parte estética, um dos destaques ficou com uma águia de 23 metros, escultura na qual o animal símbolo da agremiação se mesclava à imagem do Cristo Redentor.

A águia vinha no abre-alas, um grandioso carro todo em branco. Em outra alegoria, uma sereia feita com 185 mil latinhas “nadava” num “mar” de telas de LED, que projetavam imagens de água. Seu corpo remetia ao Pão de Açúcar.

Com quase 4.000 componentes, a Portela teve de correr um pouco ao final para não estourar no tempo. “Graças a Deus, não tivemos problemas. Deu tudo certo e passamos no tempo”, disse Marcos Falcon, vice-presidente da escola.

Embora seu dirigente não reconheça, a escola, porém, teve falhas na iluminação de dois carros alegóricos.

Ao contar a história do país, a escola também abriu espaço para retratar a chegada dos navegadores portugueses, ilustrada numa alegoria.

A Imperatriz também fez um bom desfile, com temática afro e homenagem a Nelson Mandela.

O colorido do abre-alas, com animais e referências africanas, foi um dos destaques da apresentação. A escola trouxe no último carro imagens de Mandela projetadas num telão.

Vários atores, atrizes e personalidades negros estavam no desfile, em imagens ou desfilando na escola, como o ator Milton Gonçalves. As fantasias, porém, estavam grandes e pesadas, o que dificultou a evolução da escola.

Uma grata surpresa da noite foi a São Clemente , mais acostumada à luta para não ser rebaixada.

“Esse é o melhor momento da história da nossa escola”, disse o intérprete Igor Sorriso, resumindo o sentimento da agremiação.

A São Clemente contou com uma carnavalesca de ponta neste ano, a veterana campeã Rosa Magalhães. Ela decidiu homenagear seu mestre Fernando Pamplona, carnavalesco do Salgueiro que a lançou nos anos 1960 e morreu no ano passado.

Neste ano, Rosa decidiu participar do desfile: veio no terceiro carro, que representava o Theatro Municipal do Rio num dia de baile de Carnaval.

Os dois carnavalescos tiveram origem na escola de Belas Artes e trabalharam no teatro. “É uma emoção diferente porque foi uma homenagem a um grande amigo”, disse a carnavalesca.

A escola fez nesta segunda talvez o melhor desfile de sua história. Nos carros e fantasias, luxo e o estilo barroco, marcas da carnavalesca. O samba também ajudou.

Ainda entre as escolas que passaram bem estava a União da Ilha, com um desfile alegre, leve e empolgante sobre a beleza.

O que mais chamou atenção foi a comissão de frente, que fez uma encenação irreverente da Branca de Neve e os Sete Anões. A bela foi interpretada pela atriz Cacau Protásio, ao lado de sete anões de verdade.

As referências à beleza eram muitas, do Egito à Grécia, de cosméticos a grifes famosas. Num carro, a escola misturou a estética greco-romana com potes de suplementos para ilustrar o culto à beleza no passado e hoje em dia.

A ex-presidente da Petrobras Graça Foster, que sempre desfila pela escola do bairro da zona norte onde morou, neste ano não apareceu.

Última a desfilar, a Unidos da Tijuca, atual campeã, manteve o bom nível que caracterizou os desfiles da segunda noite, mas não mostrou a mesma inventividade sem o carnavalesco Paulo Barros, que se mudou para a Mocidade neste ano.

O enredo sobre a Suíça também não ajudou, embora a escola tenha tido bons momentos, como a comissão de frente, com bailarinos que manipulavam marionetes grudados à frente de seus corpos. A escola levou ainda uma pista de patinação para a avenida e um imenso dragão num castelo, que soltava fumaça.

A apuração das notas que apontará a campeã do Carnaval carioca de 2015 acontece nesta quarta (18), a partir das 16h45.

 

A Folha de São Paulo