Atos pela educação têm mais engajamento em redes sociais do que atos pró-reformas

Manifestantes pró-Bolsonaro apoiam em protesto: reforma da Previdência, pacote de lei-anticrime e MP 870, da reforma ministerial da gestão bolsonarista

Atos pela educação têm mais engajamento em redes sociais do que atos pró-reformas Análise foi realizada pela Bites Notícia do dia 27/05/2019

Este domingo (26.mai) terminou sem o fracasso retumbante das manifestações em favor do presidente Jair Bolsonaro, como a oposição esperava e está tentando propagar no universo digital, nem a vitória indiscutível para o governo, como os bolsonaristas espalham em suas redes sociais.

A situação, por enquanto, caminha para 1 empate técnico.

De acordo com o Sistema Analítico Bites, na comparação direta com os protestos do dia 15 de maio, os atos de hoje produziram, 1,4 milhão de posts no Twitter até às 20h30 contra 1,6 milhão nas manifestações em apoio às universidades federais.

Cada lado está construindo a sua narrativa em busca da vitória que ainda não aconteceu. A oposição promete revidar na próxima 5ª feira (30.mai), com uma nova manifestação, esticando ainda mais o cabo de guerra entre os 2 lados.

Já são 10 mil tweets até às 20h30 com convocação para esse movimento. A hashtag escolhida é #dia30vaisermaior.

Como consequência dessa reação e diante dos resultados de hoje, o presidente ampliará a desintermediação na comunicação com os seus aliados na Internet, que se articularam sem o apoio de estruturas políticas, como o MBL, ou qualquer incentivo de lideranças do PSL, como a deputada Janaina Pachoal, que fez 1 post no final do dia saudando quem estava na rua defendendo as bandeiras bolsonaristas.

Quando percebeu que os atos registrariam algum fôlego, o presidente saiu em defesa dos seus aliados. Fez 4 posts de apoio no Facebook e conseguiu 50 mil compartilhamentos. No Twitter foram 7 posts com 57 mil RTs. Foi quase o mesmo resultado dos deputados federais que hoje produziram 843 posts em seus perfis e registaram 124 mil compartilhamentos e RTs.

hashtag #BrasilNasRuas esteve o dia inteiro nos Trending Topics (assuntos mais falados) do Twitter no Brasil e no início da tarde foi 1 dos assuntos mais comentados no mundo nessa plataforma. Críticos tentaram emplacar também uma hashtag irônica (e agressiva), a #FoliaDosCusProlapsados (sic). Até as 19h, #BrasilNasRuas alcançou 859.116 mil tweets, contra 94.836 da iniciativa contrária.

Nas próximas horas, aliados e adversários do presidente irão fazer análises sobre os efeitos dos eventos de hoje no Congresso Nacional e na própria relação do presidente com a sua base de seguidores.

Nesse contexto, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não foi o alvo principal dos manifestantes. Maia foi citado em 26 mil tweets, quase dez mil a menos que o Centrão, ou Congresso Nacional (86 mil tweets). O STF apareceu em 48 mil posts.

 

 

Esse interesse pelo Congresso e STF se refletiu nas buscas da palavra-chave no Google Brasil.

Na comparação Rodrigo Maia, Centrão, Congresso e STF, o último despertou maior atenção em quem procurava por informações no serviço de busca. Numa escala de 0 a 100, o interesse no STF ficou em 60,8 nesse domingo contra 6,1 para centrão e 22 em torno de Rodrigo Maia.

Entre os 16 mil artigos publicados em sites de notícias nas últimas 12 horas, as dez notícias de maior propagação até agora são positivas ou neutras para Bolsonaro. Juntas, conseguiram 1,3 milhão de compartilhamentos no Facebook e Twitter.

ANÁLISE BITES

Bolsonaro termina o dia sabendo que poderá acionar essa base de aliados na Internet, estimular a ocupação das ruas, sem a necessidade de estruturas tradicionais de mobilização, como o MBL ou mesmo o seu partido, o PSL.

Apesar de as pesquisas clássicas de opinião indicarem queda de Bolsonaro e das dificuldades com o Congresso, o fato é que sua militância mais aguerrida, o que inclui parte de seus conselheiros, usará os eventos de hoje como sinal de que não há isolamento, de forma que a postura do governo dificilmente vai se alterar muito.

O Congresso Nacional tem 1 grande desafio para administrar. Como a atual legislatura está metabolizando pela primeira vez a pressão da Internet sobre a atividade legislativa, deputados e senadores tentarão entender quais os seus limites de ação antes de serem expostos nas redes sociais junto ao eleitorado.

A votação da MP 870 da Reforma Administrativa que deve acontecer ainda essa semana no Senado poderá ser 1 teste da força dos bolsonaristas nas redes sociais. Como alguns senadores já demonstraram a intenção de propor a devolução do COAF para esfera do ministro Sergio Moro, os resultados de hoje podem influenciar e até acirrar os ânimos da discussão.

Parte do Senado acredita que está perdendo protagonismo para a Câmara e o debate do Coaf poderá colocar a Casa novamente no centro das atenções da opinião pública digital. ///