Toadas antológicas e atuais se misturam no Boi de Rua do Caprichoso

Caprichoso tem rico repertório musical para festejar São João na Ilha de Parintins com a galera azul e branca e desafiar o boi contrário

Toadas antológicas e atuais se misturam no Boi de Rua do Caprichoso Fotos: Pedro Coelho Notícia do dia 23/06/2017

O Caprichoso vai brincar de boi pelas ruas de Parintins, ao som de toadas memoráveis e contemporâneas, em reverência à noite de São João, no dia 24 de junho. Com as toadas na ponta da língua, uma multidão vai vestir a camisa azulada para pintar a Ilha Tupinambarana, porque o Caprichoso é reconhecido como o Boi de Parintins, por ser ousado em brincar em toda a Ilha, do bairro da Francesa à comunidade do Aninga, ou até mesmo no curral do contrário.

Da safra de toadas de 2017, “Povo Festeiro da Ilha”, do compositor Adriano Aguiar, foi feita especialmente para esse momento tradicional. “Amanhã, não ‘me chama’, não me espera de manhã/Amanhecendo com a galera, andando pelas ruas com o meu amor/Do outro lado o Caprichoso e um marujeiro no tambor/ Vou tomandao uma, vou tomando duas/Sou o que quiser”, descreve o poeta.

“O Boi de Rua, todo mundo sabe que nele são tocadas as toadas imortais, os clássicos antológicos do Boi Caprichoso. É o momento para extravasar, relembrar esses grandes sucessos do nosso Boi Caprichoso, mas fazemos um link com as toadas atuais que estão na boca do povo”, afirma o compositor azulado, ao completar 10 anos de carreira no Boi Caprichoso. Adriano Aguiar acredita que “Povo Festeiro da Ilha” vai levantar a galera no Boi de Rua, pela pegada popular.

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Para o compositor de “Sentimento Caprichoso”, “Sensibilidade”, “Viva a Cultura Popular”, “Turbilhão Azul”, “A Cor do Meu País”, os sucessos atuais vão se misturar com os clássicos tradicionais como “São Azul e Branco”, “Coração Azul e Branco”, “Escudeiros do Meu Boi”, “Meu Amor é Caprichoso”, entre outras. “Estas não podem faltar no repertório do Boi de Rua”, complementa.

Já o compositor Carlos Paulain, autor do hino do Caprichoso “Ninguém Gosta Mais do Que Eu”, também fala da força das toadas para a galera entoar no evento tradicional. No clima do Boi de Rua, Carlos Paulain recita os versos de uma das toadas mais antigas do Caprichoso: “Atravessei Bahia pra brincar na areia/As morenas estão dizendo Boi Caprichoso é Galante/A madeira dele é cravada de ouro, prata e brilhante”. “Essa toada deve ter uns 80 anos. Quando criança eu já ouvia essa toada”, pontua.

O compositor acredita que as toadas antigas são imprescindíveis não só no Boi de Rua, mas em todos os eventos e no Bumbódromo. “A essência do boi é a toada, mas todas as outras figuras são importantes. Isso somou para a grandeza do festival. Tudo começou com caboclo tirando versos, com uma batida de tambor diferente criando um novo ritmo. As toadas novas são belíssimas, com essência e um certo atrevimento”, pensa o poeta azulado.

De acordo com ele, hoje tem sucessos que vão se tornar antológicas. Carlos Paulain diz que as atuais ficarão na história e serão grandes clássicos. “A nova geração de compositores é responsável pela grandiosidade do nosso boi”, enfatiza, ao citar que a pedida no Boi de Rua é também “Sou Parintinense”, de Roberto Santos, “Moromba”, de Heliomar Conceição, entre outros poetas imortais. Raimundinho Dutra e Chico da Silva são as referências para Carlos Paulain.